terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Você vive da aparência?

Alunas: Mylena de Sousa Cavalcante Moura e Geórgia Antônia Gomes Maciel




Observamos que ao longo do tempo a febre da superficialidade vem se agravando em proporções extremas. Características externas são o suficiente para distinguir um individuo de outro, o que nos faz perceber o quanto a sociedade está dominada pelo julgamento da aparência como uma forma de identificar e classificar o corpo, fazendo assim de maneira errônea o uso da linguagem que cada corpo possui. 

Essa mesma linguagem nos faz perceber que o corpo não é imutável e vem se transformando de acordo com o tempo, contudo, essa transformação não está se dando de maneira natural e espontânea, pois foi imposto a sociedade um culto ao belo, principalmente no que se trata do corpo feminino. A mulher em sua maioria comandada pela ditadura da beleza é movida a está em uma eterna busca pela beleza perfeita através de uma vaidade excessiva. 

Com efeito, isso faz com que a mulher, segundo Miguel Vale de Almeida (2004), não conheça mais seu corpo muito menos se conheça como corpo. Nessa sociedade onde o carro chefe está ligado a produção e logo ao consumo, transformou esse busca incessante pelo belo em um grande mercado lucrativo tendo a mídia como principal agente indutor dessa empreitada. 

O autor por meio de suas observações nos mostra o quanto estamos nos construindo através de uma mistura de organismo e máquina, tornando nossos corpos cada vez mais artificializados e padronizados. O que explica o culto a juventude e a saúde, porem como vemos há uma grande contradição nessa ligação. 

Tomamos como exemplo a velhice, transformado em um estado estigmatizado sendo considerado uma decadência corporal levando o corpo social a mergulhar de “corpo e alma”(IDEM), nas cirurgias plásticas objetivando achar na aparência um ideal de vida perfeita, e até mesmo saudável, sendo somente dessa forma que encontraremos uma satisfação com e como corpo. Toda via, vale lembrar que essa objetivação não surge de nossa particularidade e sim desse comercio da aparência. 

No que diz respeito ao nosso mural as primeiras imagens nos remetem a um corpo feminino marcado pela busca da “perfeição”, nos traz também um sentimento de artificialidade da imagem da mulher. A primeira ilustração exemplifica o que talvez muitos indivíduos sintam com relação ao seu corpo e a si mesmos, como se vivessem por baixo de uma capa, como se o corpo não correspondesse ao que em seu íntimo verdadeiramente são. 

Estão presos a uma carapuça imposta pela sociedade capitalista que vende a beleza como um artigo de sobrevivência em tempos de modernidade, onde o que realmente importa é a aparência, a competência e a produtividade do corpo. 

A valorização do padrão de magreza tem levado muitas pessoas, na maioria mulheres e jovens a recorrer cada vez mais às intervenções cirúrgicas e procedimentos estéticos a fim de obter um corpo de acordo com os padrões estabelecidos, sem considerar os riscos à saúde, levados por estímulos midiáticos que ressaltam a importância da beleza e da juventude. “Felizmente” algumas empresas passam mensagens distintas da maioria, como o caso das duas últimas imagens que mostram mulheres fora dos padrões sociais vigentes. 

As imagens foram veiculadas a uma campanha publicitária de uma empresa de cosméticos mundialmente conhecida, na qual quebrou paradigmas ao utilizar pessoas comuns, não “modelos” para ilustrar sua campanha. Na primeira imagem, remetida dessa campanha, vemos mulheres que apesar de não corresponderem ao padrão, sentem-se belas e seguras de seus corpos, se são altas, baixas, magras ou acima do peso, negras, brancas e mestiças, pouco importa, são apenas características únicas que cada uma possui e que às distingue dos padrões. Mesmo sendo uma propaganda que vai na contramão de muitas outras que costumamos ver, a essência de todas é a mesma, vender seus produtos para mulheres aparentemente seguras se sentirem mais seguras. 

Na última imagem quando nos questionamos qual adjetivo devemos colocar para aquela mulher, não conseguimos ver de imediato suas rugas. Aqueles traços em seu rosto parecem na verdade nos contar histórias, nos faz imaginar quantas experiências ela passou, se boas ou ruins, mas o que nos contagia é seu belo sorriso, sincero e encantador. Nosso intuito em expor essa imagem seria coloca-la em contraste com as demais, pois em tempos de botox e outros artifícios para se modificar o que o tempo traz através dos anos, é de se admirar a beleza de uma mulher plena em sua idade e livre destes artifícios percebendo que ela pode sim ser atraente. 

Brincar é prazer

Alunos: Francisco Marcelo Padilha Holanda e  Jozafar Gomes Coelho Filho




Ao longo dos tempos, o corpo foi concebido de várias formas influenciado por diferentes ideologias. A ciência elaborou visões de corpos com base nos valores da sociedade capitalista. O estudo sobre corporeidade até então foi isolado, fragmentado decorrente das concepções dominantes nos meios acadêmicos. Era necessário valorizar um corpo produtivo, máquina capaz de suprir todas as necessidades de consumo vigentes. Não havia espaço para a visão de um corpo que pudesse desfrutar do lazer, a fim de enriquecer suas características inatas. O corpo deveria ser adestrado para o trabalho, uma profissão. Ele deveria se especializar para que pudesse obter um maior rendimento na escala de produção. 

No intuito de opor-se à realidade constituída, foram elaborados estudos que buscaram analisar o corpo como sujeito existencial. Através da sua existência, este corpo buscaria sempre a sua superação, almejando a qualidade de vida. É óbvio que para se alcançar qualidade de vida, os valores de competição e lucro tão presentes numa sociedade de consumo, deveriam ser extirpados pelos ideais de cooperação e solidariedade. Isso de fato ainda não aconteceu, pois não houve uma conscientização das pessoas e assimilação de novos conceitos contrários aos dominantes.

O lazer é uma das atividades capazes de potencializar as habilidades do corpo. No nosso momento de ócio, deixamos a imaginação fluir, somos capazes de reinventar situações já vivenciadas. A noção de tempo desaparece enquanto desenvolvemos uma atividade prazerosa. A nossa corporeidade necessita de mais momentos de lazer, o estresse do dia-a-dia acaba atrofiando nossas capacidades ou automatizado habilidades que poderiam ser otimizadas. O sentimento de culpa ao participar de tais atividades deve ser abolido, pois não só de trabalho vive o ser humano.

A importância do brincar é fundamental em qualquer atividade que as crianças possam desenvolver. Sendo uma atividade espontânea, livre de constrangimentos torna-se prazerosa. É uma forma de aprendizagem. A brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças assimilam e recriam as experiências sócio-cultural dos adultos. Através das brincadeiras as crianças dão sentido ao seu mundo, aguçam a criatividade, desenvolvem habilidades motoras. Exteriorizam sentimentos, provocam mudanças interiores através da resignificação dos objetos que utilizam.

Segundo Vigotsky (1948), é na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário. A criança vivencia uma experiência no brinquedo como se ela fosse maior do que é na realidade.

Ressalta-se que quando a criança foi privada de participar de atividades lúdicas, isso acarretará transtornos psicológicos, traumas que dificultarão seu pleno desenvolvimento na vida adulta e interação com outras pessoas na sociedade.





MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. 4 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

MOREIRA, W. W. Corporeidade e Lazer: a perda do sentimento de culpa. R.bras.Ci.e.Mov.2003; 11(3): 85-90.

Brincar faz bem

Aluna: Jéssica Gadelha da Silva e Lee Nara Moreira de Lima Oliveira



O prazer está presente nas atividades humanas em geral. Aliar corporeidade ao lazer e à brincadeira é algo necessário para que nossas crianças relacionem-se com seus corpos de maneira natural e prazerosa. Devemos deixar os paradigmas de lado e viver momentos de lazer sem culpa, sabendo que tal atitude fará bem tanto ao corpo como a mente. Fácil não é tanto, uma vez que a sociedade valoriza o trabalho e a produtividade acima de tudo.

Sabemos nós que a criança é acima de tudo um ser que busca à brincadeira e o prazer que o brincar lhe proporciona. Além de tudo brincar tem suas importantíssimas funções na vida da criança: problemas podem ser resolvidos, há interação entre as crianças, a criança aprende a se socializar, além do desenvolvimento psicomotor proporcionada pela mesma.

Segundo Maluf (2003): (...) brincar, além de muitas importâncias, desenvolve os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e além de tudo deixa qualquer criança feliz.


Uma criança que brinca, que é livre, tem todas as possibilidades de ser um adulto que valorizará momentos de lazer sem a culpa que a sociedade nos impõe, terá uma relação de conhecimento das potencialidades de seu corpo.

A escola deveria ter como incumbência a incitação ao brincar infantil, compreendo todas as potencialidades proporcionadas pelo brincar e a importância do mesmo. Deixando de lado tantas imposições e proibições quanto à própria liberdade corporal das crianças. A brincadeira não mais deveria ser vista como perda de tempo ou como um esporádico recurso didático.

MOREIRA, Wagner Wey. Corporeidade e lazer: a perda do sentimento de culpa. Brasília: R. bras.Ci. e Mov., 2003.
MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Brincar, lazer e aprendizagem

Alunas: Karla Soraya Alves Pinheiro e Joyce De Sousa Saraiva




Brincar é muito para importante para o desenvolvimento da criança. É uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento de sua autonomia e identidade. Assim como ajuda na atenção, a imitação a memória. A brincadeira faz com que a criança desenvolva também a sua socialização, pois até uma certa idade a criança é egoísta,individualista, e quando começa a brincar com outras crianças, aprende a se socializar, a respeitar o próximo, a dividir os brinquedos, mesmo que as vezes possam surgir algumas ‘briguinhas’.

Brincar é um direito de todas as crianças do mundo, garantido no Principio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança da UNICEF. Toda criança deve ter seus direito respeitados, principalmente na hora da brincadeira. Pois brincar, torna a criança ativa, criativa, e lhe dá oportunidade de relacionar-se com os outros, além de lhe propor uma tamanha felicidade em fazer o que gosta.

O momento do brincar e do lazer é uma necessidade de qualquer ser humano. Quando se dá a oportunidade da criança de brincar, está ajudando-a a se desenvolver tanto fisicamente, quanto mentalmente. A criança necessita desse tempo, desse espaço para brincar no seu momento de lazer. E nesse momento, deve-se deixá-la livre, não interferir no modo de brincar, ajudar só quando for necessário, deixar a criança bem a vontade para ‘exercitar o faz de conta’, deixar que a mesma use a imaginação na hora da brincadeira. 

“Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o funcionamento do pensamento, adquirimos conhecimento sem estresse ou medo, desenvolvemos a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos desenvolvemos intelectualmente, socialmente emocionalmente (Maluf, 2003)”.
            

É importante que se forneça a criança, um espaço adequado para o lazer, para a brincadeira. Um espaço onde ela possa se sentir livre para expressar suas emoções, um espaço amplo para que dê conta de todas as brincadeiras que a criança pretende realizar, e o mais importante um espaço que forneça segurança para essa criança.

Sabemos que hoje em dia, não é tão comum nas escolas, professores em suas aulas tirarem momentos em suas aulas para deixar as crianças brincarem. Vemos muitas vezes professores sem paciência, que planejam aulas monótonas, que não possuem nenhum tipo de brincadeira, e isso faz com quem a convivência entre as crianças fique mais restrita, que o desenvolvimento das crianças acaba também ficando restrito. Nós professores, precisamos estimular a fantasia e a imaginação das crianças no momento de lazer, no momento das brincadeiras. As atividades lúdicas devem fazer parte do planejamento diário do professor, pois quando a criança brinca, ela reorganiza seus pensamentos e emoções.

Muitos acreditam e querem separar o brincar do aprender e acabam dizendo que a escola não é lugar de se brincar, pois acreditam que a brincadeira acabaria influenciando no mau aprendizado dos conteúdos ministrados em sala de aula. É preciso acabar com esse mito, e cada vez mais implantar novas brincadeiras, novas atividades lúdicas e novos momentos de lazer na escola.


“Acredito que através do brincar a criança prepara-se para aprender. Brincando ela aprende novos conceitos, adquire informações e tem um crescimento saudável. (Maluf, 2003).”




MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Corpo reflexo da mídia?

Alunas: Anny Kariny Moreno e Nayara Araújo do  Nascimento
*Nota: Contém no vídeo, alguns erros de ortografia e concordância. Devido a dificuldade das alunas de lidar com a tecnologia de edição de vídeo e na atrasar a publicação, o vídeo foi assim publicado.




Procuramos, na construção deste vídeo, exemplificar os tópicos mais centrais do texto Pensar o Corpo de Michela MARZANO texto que em seus detalhes nos informa sobre essa construção histórica e social que é o nosso corpo, e da sua crucial importância nas relações interpessoais.

A autora nos relata inicialmente sobre todo o mercado que é envolvido na busca do corpo perfeito, de quais interesses estão por trás desde autocontrole imposto sobre nossos corpos que nos faz buscar sempre estar dentro da norma estabelecida pela mídia que acaba nos tirando a autonomia sobre eles.

Podemos ressaltar ainda à questão cultural do corpo, de como chegamos a esse modelo de corpo contemporâneo, já que em épocas passadas o corpo da mulher que era mais cheinha era sinônimo de beleza de saúde e atualmente quanto mais magro melhor. A autora nos relata sobre essa mudança de padrão que: “cada imagem do corpo, emanado do desejo de uma sociedade de erigi-lo em norma, foi desejável em sua época e repudiada depois da transição para um outro paradigma.” E as pessoas não medem esforços para alcançar este corpo ideal, que é um corpo magro no caso das mulheres e no caso dos homens um corpo sarado.

No texto em questão essa questão é ressaltada da seguinte forma: “Portanto, o corpo é apresentado como um objeto a construir segundo a moda, como o revelador de nossa personalidade, como a imagem que os outros encontram e escolhem.”

Pelo fato de a mídia exercer grande influencia sobre a sociedade de forma geral, podemos 
também ressaltar que se estrutura na convivência social formas de preconceito com as pessoas que não fazem parte da norma ou por serem negras, ou por terem cabelos crespos, por não terem olhos azuis nem o corpo sarado entre vários outros paradigmas, bem sobre a questão das pessoas que não acompanham a tendência do corpo ideal e acabam sofrendo discriminação e sendo deixadas a margem por conta disso a autora relata: “ 

Se o controle de si mesmo exprime, de fato, o valor mais positivo, a falta de controle exprime, ao contrário, a impotência daqueles que, não podendo exibir um corpo musculoso/esbelto, são considerados incapazes de assegurar um controle sobre sua vida e sobre seus instintos mais primitivos.”

Nosso papel como futuros educadores, é está atentos no exercício de nosso trabalho, a esse tipo de julgamento desde os anos iniciais e saber como intervir e dialogar em sala para que essa norma padrão e esse auto controle exercido sobre nossos corpos não possam atrapalhar a convivência em sociedade e para que todos entendam que não temos que ser ou ter o mesmo corpo ou atributos dos atores atrizes e modelos que veiculam na mídia.   

De acordo com o texto “Pensar o corpo”, notamos que existem diferenças entre corpo real e ideal, corpo feminino e masculino, assim como as mudanças de concepção que ocorreram  sobre corpo no passado até os dias atuais.

O corpo ideal é seguido por regras impostas pela sociedade contemporânea, e o corpo real caracteriza-se como natural e próprio do ser humano dotado de diversos e diferentes movimentos. Em nossa pesquisa de campo, realizada na academia, notamos que o corpo ideal prevalece em relação ao corpo real. O bem –estar físico, mental e social tornou-se fundamental na vida do ser humano. Praticar exercício físico e ter uma alimentação balanceada e saudável são recomendáveis a crianças,jovens, adultos e idosos. 

Segundo a autora, os homens e mulheres  aceitam o modelo de controle, onde os homens desejam tornar-se mais musculosos e compactos, enquanto as mulheres desejam se tornar mais esbeltas. Se por um lado, as diferenças entre homens e mulheres influenciam na ocupação e distribuição de forma diferenciada dos horários de funcionamento da academia pesquisada, por outro, elas não constituem elemento diferenciador importante em um aspecto do contemporâneo culto ao corpo, a saber, a “naturalização” da dor e do sofrimento como algo inerente.


Referência
MARZANO, Maria Michela. Pensar o corpo. Petrópolis, RJ: 2004. (p.23 – 44)

Entrevista e análise do texto: "DANÇA, TERAPIA E EDUCAÇÃO: CAMINHOS CRUZADOS

Alunas : Jamille Kelly Ferreira Setúbal e Karena Gonçalves de Pinho Leitão
Análise do texto "Dança, terapia e educação: caminhos cruzados".
Autora: Clarice Nunes

           A análise que segue está baseada no texto "Dança, terapia e educação: caminhos cruzados", cuja autora é Clarice Nunes; como também na entrevista realizada com a professora Ana Carla Araújo de Lima; formada pela Universidade Federal do Ceará em Educação Física, com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação em Arte e Educação.
           Analisando a entrevista e o texto lido, podemos relacionar as respostas que foram dadas pela educadora física com o relato da autora do texto. As duas comentam que através da dança e do corpo conhecemos a nós mesmos, ou seja, passamos a ter a percepção do nosso corpo através de manifestações de expressões e sentimentos de cada um.
           A dança, quando observada pelo lado terapêutico, nos proporciona alegria, descontração, percepção do ambiente e do outro, os limites e as possibilidades que conseguiremos alcançar e, principalmente, a não timidez de se expor. Com ela, aprendemos técnicas que nos possibilitam melhor qualidade de movimento, pensamento, sentimento e expressão individual.
            O corpo inteligente não deve ser aquele regrado, fechado, cheio de medos e incapacitações; mas sim um corpo livre, sem limites, tentando sempre atingir um patamar mais alto que os vencidos anteriormente.
           A dança nos contribui, ainda, para o conhecimento de si, do espaço do outro, nos percebendo no meio e na sociedade em que estamos inseridos, nos permitindo ser tocados fazendo que completemos a nossa própria percepção de si.
            Em seu relato, Clarice discute a respeito de sua rotina contínua de trabalho lhe causando várias horas de imobilização de seu corpo. O objetivo da autora ao escrever esse texto é citar algumas descobertas feitas por ela em relação ao conjunto: dança, terapia e educação.
            É válido comentar sobre alguns preconceitos sofridos e causados. Ao realizar a leitura do texto e durante a entrevista, a entrevistada e a autora citam casos de pessoas que acreditam que deficientes físicos e adultos da terceira idade não estão aptos a dançar, o que não é verdade. Diz Clarice "Viver a superação do preconceito passa pela desconstrução da pedagogia que atravessa o nosso corpo e que não só nos inventou, mas forjou o modo pelo qual tratamos um ao outro. É preciso tempo, paciência e perseverança para aceitar o que a nossa musculatura conta sobre a nossa história de vida, nossas alegrias, tristezas, frustrações e fantasias" (Clarice, 2003). Ou seja, em outras palavras, nosso corpo resulta da nossa história de vida, da rotina diária que temos, e se essa rotina nos proporciona várias horas sem que haja movimento, conseqüentemente isso afetará a maneira como somos e como nos sentimos.
            Precisamos conhecer a nós mesmos e é esse o trabalho realizado pela dança. Esta provoca a reeducação dos nossos sentidos e, a partir dela, conseguimos nos conhecer melhor, nossos limites e possibilidades.
            Como educadores, não devemos levar em consideração apenas o trabalho intelectual, mas sim proporcionar aos alunos, em geral, atividades que envolvam um sentido de descoberta, em que cada pessoa deve respeitar a identidade do outro e, aos poucos, num processo interligado entre a dança, a terapia e a educação, cada um vai se descobrindo e fazendo a reeducação de si mesmo.


Segue entrevista com Ana Carla Araújo de Lima, educadora física, formada pela UFC, com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação em Arte e educação.
OBS: A entrevistada esclarece para nós que ela não respondeu a entrevista como professora de dança, mas sim usando a dança como instrumento em suas aulas de educação física e expressão corporal.

1ª - Jamille e Karena: Vivemos em um mundo agitado, em que as pessoas só vivem voltadas praticamente para o trabalho. Para você, como a dança pode emergir e reeducar a vida dessas pessoas?
Ana Carla: A dança para mim é algo que sai de dentro, ou seja, é a própria expressão do que estou sentindo naquele momento; é o momento onde paro e percebo como sou e como estou, por isso, acredito que a dança pode desacelerar essa agitação cotidiana e inverter o olhar, para que a pessoa olhe para si, se toque e permita ser tocada por outras pessoas, nem que seja por pouco tempo.
2ª – Jamille e Karena: Existem pessoas que acreditam que adultos da terceira idade e deficientes físicos estão impedidos de dançar. Qual a sua opinião em relação a esse preconceito e de que forma a dança poderia ajudar essas pessoas a ter uma vida melhor e mais saudável? 
Ana Carla: Ao contrário do que todos pensam, todas as pessoas podem e sabem dançar, pois a dança é a manifestação das expressões e sentimentos de cada um. Para mim a dança individual é parar, escutar a música e representá-la com o corpo; isso pode ser apenas com o movimento dos braços, das pernas, batidas com o pé ou um simples balançar de cabeça; pois é algo seu, individual. A prática da dança nos leva a uma vida mais saudável, pois a mesma é uma atividade física aeróbica que nos leva a uma melhor qualidade de vida.
3ª – Jamille e Karena: Necessitamos do trabalho para viver, entretanto, muitas vezes somos condicionados a viver fincados numa cadeira ou, em outras vezes, nos acomodamos com a vida sedentária que temos. O que a dança , essa dimensão terapêutica, pode nos proporcionar com o desenvolvimento de nossos movimentos?
Ana Carla: Olhando a dança com esse olhar terapêutico, ela nos proporciona alegria, descontração, percepção de si, do ambiente e do outro, limites e possibilidades e, principalmente, um momento único de se expor sem medo do ridículo, pois acredito que esse é o maior tabu do adulto, medo do que os outros vão falar e achar.
4ª - Jamille e Karena: Qual a relação entre o que pensamos, sentimos e expressamos com a aprendizagem através da dança?
Ana Carla: Tudo. Na dança aprendemos técnicas que nos possibilitam melhor qualidade de movimento, mais pensamento, sentimento e expressão individual. Para mim, os dois se completam.
5ª - Jamille e Karena: Como educadores, que atitude pedagógica devemos ter com nossas crianças, com a finalidade de envolvê-las na dança, terapia e educação; satisfazendo a construção do “eu” de cada uma delas?
Ana Carla: Permitir que as crianças se expressem de sua maneira, sem modelo estereotipado e cobrança de perfeição e movimentos únicos para todos, pois, afinal, cada criança traz uma história de vida, um repertório motor e uma forma de observar e encarar cada situação que não deve ser oprimida em coreografias ou momentos fechados e limitados. As nossas crianças são a própria expressão, precisa apenas o professor estar atento a isso, já que o melhor de tudo é ser feliz e se divertir.
6ª - Jamille e Karena: Qual a contribuição da dança para a auto aceitação de cada pessoa?
Ana Carla: Ela contribui para o conhecimento de si, do espaço do outro, se percebendo neste meio e se permitindo ser tocada, e, ao ser tocado, ela completa a sua própria percepção de si.
7ª - Jamille e Karena: Qual conselho você daria a uma pessoa que dedica maior parte do seu tempo ao trabalho e não se preocupa com a relevância dos movimentos      que devemos proporcionar ao nosso corpo?
Ana Carla: Que ela deveria experimentar alguma atividade que lhe fizesse bem, que pudesse por, alguns instantes, sair desse modelo pronto que ela repete todos os dias, seja ela qual atividade for, o importante é que seja algo que se identifique e que traga satisfação, prazer, alegria, lhe proporcionando uma vida melhor.
8ª - Jamille e Karena: O que você acha da afirmação de Klauss Viana: “Um corpo inteligente é um corpo que consegue se adaptar aos mais diversos estímulos e necessidades, ao mesmo tempo em que não se prende a nenhuma receita ou fórmula, preestabelecida, orientando-se pelas mais diferentes emoções e pela percepção consciente dessas sensações” (1990: 113-4). Você concorda com ele? Justifique.
Ana Carla: Sim, acredito que todas as minhas respostas anteriores já confirmam essa minha afirmação. É isso mesmo, para mim o corpo inteligente não é aquele fechado, regrado, cheio de medo, mecânico, mas sim um corpo livre, pronto para voar. E o destino? São suas emoções, sentimentos, vivências que irão dizer.

BIBLIOGRAFIA

Calazan, Castilho e Gomes. Dança e educação em movimento. São Paulo: Cortez, 2003.
 


terça-feira, 25 de outubro de 2011

ATENÇÃO!


Olá turma,
 
Informar que, infelizmente, NÃO HAVERÁ aula hoje, terça-feira, dia 25 de outubro!
Envie os fichamentos por e-mail. E entregue as reflexões na próxima aula, impresso!
 
Por favor avisem aos colegas!
 
Um abraço e até próxima terça!
 
Carol Costa Bernardo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quem somos? Quem o outro é?

Alunas: Nívea da Silva Sales e Rita de Cássia da Silveira 



 Somos um corpo que está em constante busca pelo autoconhecimento. Um corpo que busca aparências e ao mesmo tempo foge dela, quando nos percebemos como um corpo que sente, um corpo que ri, que chora, que vive! 

Conhecer o corpo, é descobrir que corpo somos e nos debruçar sobre ele enquanto indivíduo, é perceber que está além do físico, da matéria, pois esse corpo possui uma alma, uma personalidade, uma forma própria. O melhor modelo que podemos usar como metáfora para a compreensão do corpo é a pupa da borboleta, que não é exatamente a própria borboleta, mas sim a sua forma de existência temporária. Enquanto está dentro do casulo, a borboleta é a crisálida, porque vive nela e através dela, embora aquela forma larval nada tenha a ver com o inseto colorido que alegra os jardins, voando de flor em flor em busca do néctar. 

Ou seja, associando a ideia de quando o inseto sai do casulo, percebemos que o corpo é uma forma de existência temporária, onde temos de passar por experiências sob forte pressão existencial, e são as próprias necessidades básicas e fisiológicas para a conservação do corpo que definem grande parte de nossa existência, que gira em torno da manutenção dessa forma biológica frágil e instável. 

São poucas as pessoas que percebem como é fútil a construção de tantas vaidades e ambições numa base existencial tão vulnerável e transitória. Precisamos ser além de meros sinais diacríticos, pois são sinais que "estabelecem uma diferença de sentido e significado, apesar de serem, em si mesmos, desprovidos de sentido ou significado.” (ALMEIDA, 1996). Precisamos romper com as barreiras sociais que não nos permitem conhecer o nosso próprio corpo, nem o corpo do outro e acabamos criando um muro que não nos deixa enxergar para “além das origens”. 

Através da “libertação” dos “pré-conceitos” que existem dentro de nós, vamos nos tornar mais abertos e livres para aceitação do nosso corpo, do corpo do outro, e assim, passaremos a conhecer que corpo somos, corpos esses que são “(...) o lugar de representação da própria ‘alma’.” (ALMEIDA, 1996). 

Nosso corpo é marcado pelos acontecimentos da vida, onde todos os pensamentos e sentimentos constroem esse corpo e cada ideia é uma resposta corporal. O corpo “(...) é o interface perfeito entre natureza e cultura, entre indivíduo e sociedade, entre autonomia e regulação.” (ALMEIDA, 1996). Sendo assim, o corpo passa a ser visto, também, como um produto do meio, um produto influenciável, que está em constante processo de construção. 

Não é necessário emitir sons para que ocorra a fala, porque o próprio corpo, em si, fala. “O corpo manifesta-se, faz o seu próprio manifesto. Nas doenças, nos êxtases, nas depressões, nas manipulações de que é alvo, no amor, numa mudança de sexo, numa dança, numa greve de fome. O corpo pede política e a emancipatória. Por isso, é altura de, para além do corpo que se manifesta, construir um Manifesto do Corpo.” (ALMEIDA, 1996, p. 16) 

Sendo assim, percebemos, sobretudo descobrimos, com essa reflexão, que não somos corpos isolados no tempo e espaço, mas uma unidade complexa em convivência, que precisa se manifestar para a descoberta do próprio corpo, que é construído pelo espaço vivido, mas que não pode esquecer que o SER é mais importante que o TER. 

Por saber que a nossa vida é um palco de aprendizados, precisamos adquirir a lição, prestando atenção nos sinais transmitidos pelo meio e no ritmo da natureza. Nosso corpo está em constante processo criativo, sendo uma fonte de recursos para atingirmos a nós mesmos. Então, “Que Corpo Somos?” Somos um corpo que pensa, que age, que descobre, que se esconde, que ri, que chora, que ama, que odeia, que luta, que desiste, que fala, que cala, e que, sobretudo, está em constante processo de autoconhecimento!

Corpo e dança: reflexões sobre educação


Alunas: Ana Keilla Conceição de Oliveira e  Keysianne Gondim Costa

Quando pensamos em nosso corpo, imaginamos algo separado de nossa mente e de nossa história. Fomos habituados a deixar os discursos externos ao nosso corpo, moldar o que devemos ser e aprisionar nossas emoções, nos fazendo esquecer nossas experiências. Nossa sociedade nos educa através de uma cultura de imobilidade, talvez nem saibamos de todas as possibilidades que o nosso corpo pode ter.

Através da dança, é possível haver uma reeducação deste corpo. É através dela que podemos aprofundar o conhecimento e o sentimento da história dele. Dançar com os sentidos e pensamentos aguçados, trará uma maior consciência dos nossos ossos, dos nossos músculos, de suas articulações e da relação entre eles e nossa pele. Podemos vivenciar nossa coordenação, qualificar nossa força, respirar melhor e aceitar nosso próprio corpo, pois não podemos fugir dele.

Quando aceitamos nosso corpo e deixamos ele se manifestar como um todo, organicamente, psicologicamente e afetivamente, mudamos nossa relação com o mundo e isso age de forma terapêutica em nossas vidas. Essa possibilidade de manifestação nos leva a encontrar nossos próprios fluxos de intensidade e criação artística. Criando e recriando possibilidades dentro de nós mesmos, podemos encontrar novas possibilidades de se relacionar com o mundo.

Hoje a educação de nossa sociedade engessa nossas possibilidades. Parece tarefa incansável da escola, nos transformar em reprodutores de idéias. Nossa mobilidade, nossa criação e nossos sentimentos, são controlados de maneira que não podemos nos expressar.

Como educadores, podemos utilizar a transversalidade da dança, da terapia e da educação para potencializar essas possibilidades artísticas em nós e em nossos alunos. Mesmo se tratando de áreas singulares, a terapia tratando dos impedimentos psíquicos da realização da potencia humana; a arte como expressão de nossas emoções e a educação como interiorização do conhecimento da humanidade; podemos encontrar pontos de encontro e recriação de um novo tipo de sensibilidade e atitude pedagógica.
Reeducar é realizar a difícil tarefa de deixar o outro aprender, despertando o sentido da ação germinadora. É permitir, com seus próprios recursos e empenho, metamorfoseie muralhas em portas, só aí o sentido generoso da educação se revela.”



Referência
MARZANO, Maria Michela. Pensar o corpo. Petrópolis, RJ: 2004. (p.23 – 44)

Corpo real – Corpo ideal


Francisco Souza da Costa e   Onésima Patricia Mendes dos Santo

Segundo Marzano (2004), pensar o corpo no contexto social cultural contemporâneo, tem-se que diferenciar o corpo real do ideal, pois o corpo traz marcas e significados impostos e aceitos pela sociedade em que ele está contextualizado. Segundo Foucaut, o corpo não é nada mais do que uma ideia histórica, isto é, o simples produto de construção cultural da sociedade, o corpo humano é sempre e antes de tudo, uma entidade real, uma realidade material, o substrato carnal de cada pessoa.

O corpo real perde espaço para o corpo ideal, sendo o segundo um corpo idealizado e fruto de uma sociedade, que procura impor e cultuar um corpo desumanizado e desnaturalizado, e o dita como sinônimo de saúde, poder e liberdade, ocultando a realidade.

Hoje a sociedade procura a cultura do corpo ideal, sob os critérios estéticos e éticos, procurando controlar esse corpo com a finalidade de caracterizá-lo como regra geral, contrapondo-se ao corpo real, e esse corpo manipulado e recriado tenta parecer ser valorizado, mera aparência, pois ele “oculta a depreciação de sua materialidade e a neutralização de sua realidade” (Marzano,2004, pg. 26).
O corpo é natural e real, não podemos colocá-lo apenas como produto formado pela sociedade, mesmo com suas mudanças através dos tempos, ele não deixa de ser o instrumento do qual o ser humano vivencia com o outro e socializa-se com o meio social. 

O corpo é materializado, seguindo tendências, a dita moda. O indivíduo não nasce como a sociedade quer, então como no photoshop ele escolhe uma imagem ideal, se adéqua a ela, nem que isso custe muito dinheiro ou sua saúde. Chega a virar compulsão a ditadura da beleza, onde o individuo age de forma domesticada. Caso ele fuja das regras sua ação é tida como falta de controle.

O controle é um objetivo a ser cumprido, seguindo aspectos físicos, comportamentais e emocionais. Essas regras alcançam a homens, mulheres e crianças, seguindo uma ordem desordenada, onde a criança quer ser adulto, o adulto que ser jovem e ninguém quer ficar velho.

Esse domínio vai além da preocupação com a idade, parece que a ordem é não estar satisfeito com sua aparência. Se estiver gordo sou desmazelado, se sou magra demais sou anoréxica, se sou forte demais sou exagerado, se tenho muitas curvas estou gorda, ou seja, não há se quer de fato um padrão perfeito, porque todos os padrões impostos são desmistificados de alguma forma. O que na verdade a sociedade consumista quer é que busquemos sem cansar uma tal perfeição que não conhecemos, pois na verdade não existe perfeição.

O padrão impõe a manipulação do nosso corpo. O ser acaba assim domesticando o próprio corpo para a sociedade, como se sua personalidade inexistisse. A partir disso o ser faz uma avaliação dos indivíduos que não seguem o mesmo modelo identificando e avaliando de forma negativa, fazendo um julgamento moral sem reconhecer que o normal não é diferente, e que o diferente na verdade são aqueles que mudam suas fisionomias sem levar em conta aspectos relevantes a sua realidade.

Há uma subjugação de idealidade onde maior parte das pessoas modificam sua natureza (cor da pele, dos olhos, cabelos) de maneira uniforme, onde não há mais exclusividade, diferenciação, o que encontramos são seres que seguem esse padrão de perfeição, na qual, o seu não aceita e não resiste. Alguns não se importam nem com os limites do seu corpo, vai além de tudo isso, chegando a se tornar ridículos.

Essa não aceitação é impregnada na cabeça das crianças pelas mães de forma que a infância é deixada de lado, a brincadeira é direcionada para um contexto de adulto, onde a menina é mamãe e o menino é papai, médico, policial. As mães parecem que não gostam de curtir essa fase, é um sentimento de livramento.
Os corpos acabam que se tornando todos iguais. As pessoas se identificam com essa materialidade e fazem dela sua marca e personalidade. “(...) o corpo é como tal uma parte de cada pessoa, sendo ao mesmo tempo um objeto do mundo.” (Le Breton,199) Pág.44
Referência
MARZANO, Maria Michela. Pensar o corpo. Petrópolis, RJ: 2004. (p.23 – 44)

Do Corpo da Carência ao Corpo da Potência: Desafios da Docência Entrevista


Dupla: Isabelle Alexandre Carneiro e   Natali Mourão Coelho

Essa entrevista é uma das atividades exigidas na disciplina de Corporeidade e Psicomotricidade na Educação, do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (UECE), ministrada pela professora Carol Costa Bernardo. As perguntas que compõem a entrevista estão relacionadas ao estudo do texto “Do corpo da carência ao corpo da potência”, escrito por Azoilda Loretto da Trindade, professora, pedagoga e psicóloga. Doutoranda em Comunicação pela Escola de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ).

Nossa entrevistada é uma professora de Ensino Fundamental I, Eliete, estudante, cursando o 6º semestre de pedagogia na Universidade Vale do Acaraú, ela ensina uma turma de 2º ano pela manhã e outra de 5º ano à tarde numa escola particular de pequeno porte no bairro Messejana. Solteira, residindo em Fortaleza, a professora ainda mora com seus pais, Sua mãe foi responsável por sua educação, ensinando-a e conscientizando-a do valor que a educação tem para a vida.

Em seu texto, Azoilda procura compartilhar suas percepções e reflexões acerca do corpo, dos conceitos e das práticas que o envolvem em sala de aula. Ela nos faz atentar para as perspectivas que nós, educadores, temos e tudo o que queremos e conseguimos passar para nossos alunos sobre o assunto em nossa prática.

Através da narração de alguns fatos ocorridos em escolas, a autora nos faz refletir sobre preconceito, discriminação e racismo e nos mostra que devemos ajudar as crianças a construir conceitos de corpo, sem discriminações.

Como podemos observar na entrevista, a professora Eliete não apresenta um conceito de corpo livre de discriminações, quando perguntamos sobre concepção de corpo, ela respondeu apenas sobre seu estado físico, dando como resposta: “nem gorda, nem magra”. 

Pudemos inferir, que a professora não tem uma visão de corpo além do seu próprio corpo. Isso é uma realidade comum vivenciada por grande parte dos professores, que contribuem dessa forma, para uma pedagogia da carência, da falta, dos estereótipos. Já que temos uma educação que nega o corpo de uma vivencia criativa e de movimento.

Nós, professores devemos nos afastar dessa pedagogia centrada na obediência, na reprodução de valores que torna os alunos submissos e os condena a não-aceitação do próprio corpo. Temos que ter coragem para enfrentar e trabalhar uma pedagogia de acolhimento, que aceite as diferenças para construir um comportamento, uma visão de corpo que respeite a diversidade cultural que existe em nossas escolas, em nossa sociedade como um todo.

TRINDADE, Azoilda Loretto da. Do corpo da carência ao corpo da potência: desafios da docência. In: GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

Segue entrevista >>


1.    Quem é você? Quando e onde nasceu? Onde vive? Quem, em casa, foi responsável por sua educação?
Me chamo Eliete, nasci no dia 28 de novembro de 1980. Moro em Messejana com meus pais e duas irmãs. Minha mãe sempre foi responsável por minha educação, sempre paciente e conscientizando que a educação é uma das bases da vida.

2.    Qual o seu nível de escolaridade?
Estou cursando Pedagogia, 6º semestre.

3.    Qual a sua concepção de corpo?
Nem gorda, nem magra.

4.    Qual a sua cor/ raça?
Morena (parda)

5.    Como você percebe e vê seu corpo?
Estou satisfeita, pois não estou com um corpo muito gordo nem magro

6.    Que recordações você tem de sua infância em relação ao seu corpo? Sofreu algum tipo de discriminação? Qual? Como se sentiu?
Quando eu era pequena, sempre fui gordinha, e nunca ninguém me discriminou por isso.

7.    No ambiente escolar, já percebeu entyre alunos e professores algum ato de discriminação em relação ao corpo? Como aconteceu?
Nunca presenciei algo parecido.

8.    Na sua prática pedagógica, como você percebe o corpo de seu aluno? E como você trabalha a diversidade de corpos e culturas dentro da sala de aula?
Meus alunos estão no mesmo patamar, eles tem os corpos um pouco parecidos, mas se houvesse alguém mais gordo ou magro, procuraria mostrar que as diferenças existem e que nem todo mundo é igual e que devemos saber respeitar cada um.

9.    Você capta a bagagem social e cultural presente nos corpos dos seus alunos e planeja sua prática baseada nisso?
Nunca pensei nessa posição.

10. Qual o seu sentimento em relação a uma pedagogia centrada na obediência e no medo? Como essa pratica afeta os corpos discentes?
Acredito que uma pedagogia assim não terá muito resultado, deve haver respeito por parte do professor x aluno, aluno x professor ou coordenador x professor e professor x coordenador. Se houver esse respeito o trabalho será mais satisfatório.

11. Como você acredita que seria uma pedagogia capaz de tornar os alunos “senhores dos seus próprios corpos”?
Seria bem legal pois estaríamos trabalhando as nossas limitações e aceitação consigo mesmo e com o próximo.
           

Reflexões a partir do texto Do corpo da carência ao corpo da potência de Azoilda Loretto


Alunas: Valdiléia da Silva Pires e Ângela Rafaelle


 A partir do texto lido podemos refletir um pouco sobre as práticas educativas exercidas dentro do ambiente escolar. Percebemos que essas práticas têm interferência na maneira como essas crianças desenvolverão suas capacidades pessoais e como se socializarão com os outros corpos que farão parte de seu convívio social.

Segundo a autora:

Não somos boas ou más, somos pessoas, somos humanas, e, como a violência desta humanidade vai de Gandhi a Hitler, podemos ser perversas, cruéis, intolerantes e até nos esquecermos da nossa responsabilidade de docente e de que, muitas vezes, o corpo da criança fica desamparado diante de ações tirânicas de corpos adultos, sobretudo quando este corpo adulto é docente.

Para que possamos exercer o papel de docentes capazes de interferir positivamente na vida de nossos alunos, precisamos primeiramente nos reconhecer como corpos que se diferem dos demais. Conhecer, aceitar e trabalhar nossas limitações. Admitir e perceber que as diferenças existem, tentando compreendê-las e respeitá-las.

 Nosso verdadeiro papel na educação não é moldar os alunos ao que é considerado o padrão “normal” da sociedade, mas sim, contribuir para que esses corpos consigam se expressar livremente, superando suas possíveis limitações sem ter que se moldar a algo imposto pela sociedade, respeitando as diferentes expressões dos outros corpos. Talvez dessa maneira possamos nos aproximar de uma pedagogia da potência.

Vivemos em uma sociedade repleta de diferenças que manifestam-se nos diferentes corpos que formam esse meio no qual estamos inseridos e em constante interação. A partir desta reflexão montamos um painel de fotos com alguns corpos que expressam algumas das principais diferenças presentes em nossa sociedade. Visualizando esses corpos percebemos que eles fazem parte do nosso cotidiano. Surge então um questionamento: Como lidaremos com essas diferenças que também estão presentes no ambiente escolar?

TRINDADE, Azoilda Loretto da. Do corpo da carência ao corpo da potência: desafios da docência. In: GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.