terça-feira, 13 de setembro de 2011

A produção cultural do corpo

ALUNOS: ANTONIO WAGNER PEREIRA e CAISON CLEIDER 
 Estudo e Reflexão do 2ª capítulo do livro: GOELLNER, Silvana; FELIPE, Jane. (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: discutindo práticas educativas. Rio Grande/RS: Editora da FURG, 2007

 Esta reflexão parte da fundamentação geral do corpo concebido e produzido tanto pela cultura, quanto pelo tempo histórico no qual está inserido. Goellner (2007) afirma que em diferentes momentos históricos o corpo recebe diferentes marcas. Logo, torna-se complicado analisar corpo de forma individual sem atentar para as interferências externas das quais está sujeito e inserido (Contexto). 

Observamos que o corpo não é algo imutável, pelo contrário, ele está em constante transformação e por isso assume inúmeras características. O corpo não é somente o que observamos pelo reflexo de um espelho como sendo um conjunto de pele, e em sentido mais estrito, ossos, músculos, um emaranhado de veias como fica bem explicitado nas palavras de (GOELLNER, 2007). O corpo é identidade, é cultura, é histórico, é biológico, é máquina, e as representações que se criam sobre esse corpo, é poder, é controle, é o que dele se diz.

O corpo diz muito sobre o que somos; enquanto grupo, criamos estereótipos, classificamos, nomeamos, definimos, julgamos uma pessoa a partir do que vemos em seu corpo: o que ela veste, o cabelo, a cor da pele. Deduzimos muitas coisas sobre uma pessoa simplesmente olhando para o seu entorno. Por um simples gesto ou modo de portar-se criamos uma série de “pré-conceitos”. Todas essas afirmações nos levam a concluir que de fato o corpo é um sem limites de possibilidades, e isso fica bem claro nas palavras da autora quando afirma que um corpo é mais do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras. Sua definição está, além disso, pois as roupas, os acessórios, a imagem que dele se produz diz muito sobre si.

O movimento corporal de um bairro retrata a vida e cultura das pessoas que ali vivem. Julgamos a partir de nosso ponto de vista, da cultura na qual estamos inseridos. Podemos exemplifica o que argumentamos de uma maneira bastante simples analisando uma situação hipotética: “morador da área nobre de Fortaleza, visitando uma dessas pracinhas da periferia”. Certamente o impacto seria grande. E a recíproca também é verdadeira, pois as vestes, a forma de se portar, os hábitos, o modo como os corpos se apresentam serão alvos de nomeações e classificações. O corpo vai refletir o grupo ao qual pertencemos daí concluímos que de fato, diferenciamo-nos culturalmente através de nossos corpos. 

Segundo a autora, falar do corpo é falar de nossa própria identidade, pois, na cultura contemporânea o corpo adquiriu grande centralidade, ficando isso bastante evidente no crescente mercado de produtos e serviços relacionados ao corpo; cosméticos, academias, cirurgias, medicamentos, dietas, próteses. Diariamente a mídia bombardeia milhares de pessoas com conceitos de corpo ideal. Estabelecem-se padrões de beleza. A moda dita a tendências das roupas dos acessórios. A partir daí nos identificamos com determinado padrão e construímos nosso perfil. Na sociedade contemporânea, com todo aparato tecnológico, predomina o culto ao corpo. Não há limites.

É possível mudar o cabelo, trocar de sexo, aumentar/diminuir os seios, os músculos. O corpo agora é algo modificável, a tecnologia propicia as mudanças. Pregasse o corpo retilíneo, vigoroso. E quem não tem é um relaxado. Ao longo da história observamos as diversas mutações, conceitos e valores pelos quais o corpo passou até chegarmos aos conceitos hoje vigentes. Durante a Idade antiga, o corpo ligado a natureza havia a integração corpo-natureza-deuses, no sentido de divinizar o corpo. Com o advento do Cristianismo houve a divisão corpo x alma. O corpo é a morada da alma, ele é corruptível, a alma não. Daí a necessidade de punir o corpo (flagelos), punição pelos pecados.

 Por muito tempo houve diferenciação entre homens e mulheres por causa do corpo. A partir dessas diferenciações o lugar de cada um era determinado na sociedade. Essas explicações que determinavam o feminino e o masculino eram advindas da biologia do corpo. À mulher, por ser mais frágil, eram destinadas atividades menos penosas, daí atribuía-lhes atividades do lar. Ainda no que se refere ao corpo enquanto biológico durante um período da história até mesmo a higiene do corpo teve outro significado. Goellner (2007) afirma que o banho nem sempre esteve ligado a ideia de limpeza do corpo como se tem hoje em dia. Na Idade Média restringiam-se as mãos e ao rosto. Somente a partir do século XVIII a lavagem do corpo é associada à proteção, pois um corpo limpo está menos sujeito a doenças, além de tudo revigora e melhora a aparência.

 Buscamos ao longo dessa discussão analisar as características históricas, sociais e culturais referentes as diversas função do corpo com o fim de compreendermos melhor nossa realidade e toda essa produção cultural do corpo.

2 comentários:

  1. CORPO PARADO, CORPO EM MOVIMENTO... DE TODAS AS MANEIRAS E FORMAS, O CORPO É NOSSA IDENTIDADE. É ATRAVÉS DO CORPO QUE MUITAS VEZES NOS REVELAMOS, MOSTRAMOS QUEM SOMOS.

    É a cultura do corpo que cada tem e se expressa conforme pensamos e muita vezes nem nos damos conta.

    ResponderExcluir
  2. Falar do corpo é falar de nossa própria identidade... E partindo desse corpo, visto por outros olhos, e através desses outros olhos e até mesmo dos nossos olhos é que são criados conceitos. São criados ou percebidos os fenótipos das pessoas. Sendo assim, temos o corpo como nossa principal identidade! E como os rapazes citaram, hoje temos um corpo totalmente modificável. Cada um pode fazer a mudança corporal que quiser.

    ResponderExcluir