Essa entrevista foi proposta com o objetivo de conhecer um pouco sobre o universo desse profissional, passar mais informações sobre como é a psicomotricidade na escola, bem como a sua importância nas fases motora e cognitiva, e também como ela pode influenciar no processo de aprendizagem da criança.
A psicomotricidade é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. A partir da entrevista que fizemos com a professora Graziele em uma escola particular de ensino infantil pudemos perceber a importância da psicomotricidade na escola. Ela é formada em Educação Física, especializada em educação física escolar e está fazendo especialização em psicomotricidade na Universidade Estadual do Ceará. Trabalha há um ano e meio nessa escola como psicomotricista.
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal são fundamentais na aprendizagem. De acordo com a professora, sem esses elementos, a criança poderá ser prejudicada e não terá uma boa aprendizagem. Através de atividades motoras a criança aprende com segurança o reconhecimento do seu corpo e desenvolve a sua autonomia, noção de regras e o contato físico com os outros, muito importante para seu convívio social.
A partir dessa entrevista chegamos à conclusão que a psicomotricidade, oportuniza as crianças condições de desenvolver capacidades básicas, como aumentar o seu potencial motor, utilizando o movimento para conseguir alcançar de forma mais elaborada, aquisições que marcam conquistas importantes no universo emocional e intelectual.
Entrevista
1- O que é a psicomotricidade para você?
“É um trabalho voltado para o desenvolvimento físico e mental, através do lúdico. O que proporciona o aprender e o desenvolvimento com mais absorção e segurança.”
2- Como surgiu o seu interesse por psicomotricidade?
“Na faculdade, como disciplinas como essas que vocês estão estudando. Porque além de trabalhar aqui, sou professora de dança e ballet, e tenho maior afinidade com crianças, adoro trabalhar com elas.”
3- Como você vê a psicomotricidade desde o inicio ate hoje?
“Vejo que só avançou. Acredito que os estudiosos como vocês conhecem Piaget, Wallon e Vigotsky, contribuíram bastante com suas teorias sobre o desenvolvimento da criança, suas fases. O que proporcionou mais interesse para as pessoas estudarem a psicomotricidade e com isso estamos ganhando espaço.”
4- Como se dá as aulas?
“Faço planejamento, no inicio do bimestre o primeiro passo é o reconhecimento da criança e do seu corpo. Depois as aulas vão acontecendo de acordo com o desenvolvimento da turma. Também recebo casos específicos como crianças com deficiência (autismo, síndrome de down e atrofia muscular) onde é necessário uma maior atenção e diferenciação das atividades.”
5- Você tem algum espaço específico aqui na escola?
“Trabalho em diferentes espaços da escola, poder ser aqui na brinquedoteca, ou na sala de aula mesmo, no pátio. Aqui (brinquedoteca) não é muito bom, porque tem muitos brinquedos que chamam a atenção deles e isso desconcentra. Mas depende muito da aula.”
6- Você acha que o brincar está acabando?
“Um pouco. Por causa da tecnologia e isso prejudica no seu desenvolvimento motor. Já vi casos de crianças aos oito anos não saber correr! Um dia trouxe o “pega-varetas” e eles não sabiam o que era, todos adoraram!”
7- Quem tem aulas de psicomotricidade pode ter uma diferença de desenvolvimento motor e cognitivo, em relação à criança que não tem?
“Com certeza. Eu vejo a diferença, a criança que tem aulas de psicomotricidade tem mais facilidade em se locomover e se expressar. A que não tem eu até consigo reconhecer alguma dificuldade motora e também para se relacionar com outras crianças.”
8- O que você trabalha especificamente nas crianças?
“Atividades psicomotoras como equilíbrio, coordenação ampla e fina, noções de espaço temporal, noções de corpo, ritmo e tonicidade.”
9- Qual a sua opinião a respeito do reconhecimento do profissional da psicomotricidade na escola?
“É uma área muito difícil. Existem poucas escolas que contratam, pois não existe uma lei que obrigue a contratar. A psicomotricidade é muito confundida com recreação, acham que é apenas para brincar. Então muitas escolas fazem da própria professora de sala ser um. Mas tenho certeza que um dia isso vai mudar.”