sexta-feira, 22 de julho de 2011

Entrevista com Dayse Campos de Sousa

Alunas: Lissandra Silva Cutrim e Nirlene Barbosa de Mesquita.

A entrevista foi realizada no Instituto de Promoção da Nutrição e do Desenvolvimento Humano- IPREDE, na sexta-feira dia 10/06/2011, às 19h30m. Com Dayse Campos de Sousa, coordenadora do Curso de Especialização da Universidade Estadual do Ceará- UECE e Universidade Federal do Ceará- UFC que atua também desenvolvendo projetos em instituições como o IPREDE.

Formada em Graduação em Psicologia, Psicomotricista titulada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro- SBP\RJ com Pós-Graduação em Psicomotricidade e Mestra em Educação Especial pela UECE e Centro de Referência Latino Americano para Educação Especial- CELAEE, do Ministério de Educação de Cuba.

A Psicomotricista, Dayse mostrou a sua perspectiva em relação quanto à interligação do corpo e a mente. O que é de fundamental importância para a absorção do conhecimento por parte da criança. Relatando que é através da ação que a criança vai descobrindo as suas preferências e adquirindo a consciência do seu esquema corporal.

Para que isto aconteça é necessário que ela vivencie diversas situações durante o seu desenvolvimento, interagindo e articulando, principalmente, durante as atividades em grupo onde a criança encontra espaço para a sua própria expressão, permitindo transformações que resultam em uma maior flexibilidade na relação consigo mesmo, com os amigos, os familiares e com os diversos grupos com os quais ela se relaciona.

Segundo a entrevistada no período da sua Graduação ela não ficou satisfeita com a metodologia utilizada pelo professor e decidiu que se aprofundaria na área da Psicomotricidade. A partir disto seu intuito foi de aplicar uma nova metodologia para a transmissão de toda uma informação necessária para a formação dos futuros profissionais de maneira que eles possam saber a teoria e vivenciar a prática.

Percebemos que as atividades diversificadas como: atividades em campo, em dupla, oficinas, aulas teóricas e vivências são fundamentais para que os alunos do curso de Especialização se tornem capazes de estabelecerem uma interligação entre o corpo, o movimento e a educação. Segundo Dayse, a procura na área de Psicomotricidade tem sido maior na área de pedagogia, apesar ter profissionais da área de Educação Física e Psicologia.

Portanto, podemos perceber que no Brasil o campo da Psicomotricidade não possui tanta abrangência no mercado de trabalho, pois ainda não é reconhecida como profissão, já que só há uma Graduação em Psicomotricidade em todo o país, no Rio de Janeiro, enquanto que em outros países como: Argentina, Chile e países da Europa e entre outros já é uma profissão reconhecida. Por isso, a meta é que a Psicomotricidade seja reconhecida nos próximos anos, pois aprendemos que ela auxilia ao pedagogo a compreender o que ocorre com a criança através do processo de afetividade, pensamento, motricidade e linguagem, onde a dinâmica psicomotora auxilia no potencial de relação pela via do movimento, incentiva o brincar e, amplia a possibilidade de comunicação.

Entrevista na íntegra >>

1. O que é a Psicomotricidade?
Dayse Campos de Sousa- Na minha concepção pode ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências, recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade.

2. Como a Psicomotricidade é vista no mercado de trabalho?
Dayse- No Brasil há somente uma faculdade reconhecida pelo Ministério da Educação- MEC que é situada no Rio de Janeiro. Em relação, a profissão ainda não há reconhecimento no Brasil o que torna difícil para os profissionais exercerem a profissão.

3. Quais são suas áreas de atuação?
Dayse- Psicologia e Psicomotricidade.

4. O que o motivou a se dedicar a esse campo específico?
Dayse- Uma experiência que tive quando fazia graduação, onde um professor de uma determinada disciplina não me satisfez quanto à metodologia utilizada, pois suas aulas eram teóricas e a prática ficava esquecida. Então, me propus a estudar a área da Psicomotricidade para que através do meu conhecimento e experiência eu possa transmitir aos alunos aprendizagem teórica suficiente fazendo com que eles possam aplicar a prática confiando em si mesmo e tendo prazer no que fazem. Pois, me dedico nesses vinte nove anos a Psicomotricidade e tenho paixão pelo que faço.

5. Como tem sido a demanda, o interesse dos professores por essa área?
Dayse- A demanda não é suficiente, pois como ainda não é uma profissão reconhecida dificulta o ingresso dos profissionais na área. Contudo, a busca pela Psicomotricidade tem sido mais procurada pela parte pedagógica do que clínica.

6. O que é preciso para o professor ou o interessado se capacitar em Psicomotricidade?
Dayse- É necessário que o professor faça a Especialização em Psicomotricidade, conheça a estruturação, tenha um bom entendimento na parte teórica e principalmente vivencie a prática, pois é através dessa vivência que ele vai reconhecer o conjunto mental e corporal da criança. Pois, a prática é totalmente diferente da teoria e, sobretudo é preciso acreditar na formação e na vivência.

7. O que muda na aprendizagem quando se trabalha com a Psicomotricidade?
Dayse- A criança adquire melhor compreensão de mundo com o ato de brincar, desenvolve-se intelectualmente pela construção dos seus pré-conceitos sobre os objetos, o espaço, o tempo e as causas e efeitos que regem os acontecimentos.

8. Como a Psicomotricidade pode auxiliar a criança no seu comportamento, aprendizagem e socialização?
Dayse- O desenvolvimento da criança depende da qualidade de sua relação com o grupo, com o meio onde vive e de uma verdadeira formação social. As crianças aprendem a viver com os outros, a aceitá-los, a respeitá-los, a trocar, a comunicar, a dar e receber. A criança estará num espaço plenamente disponível para uma estruturação intelectual e as suas capacitações serão mais sólidas e rápidas.

9. O que o Psicomotricista busca ao estabelecer esse tipo de contato com a criança?
Dayse- O papel do Psicomotricista é ajudar a criança no seu processo de autoconhecimento, visando estabelecer novas interações com o outro a partir da relação psicomotora livre, criativa e dirigida. Assim, ela se torna mais criativa em face de suas possibilidades de ação e descoberta pessoal, se manifestando mais alegre e humana.

10. E como tem sido a sua vivência como docente?
Dayse- Coordeno os alunos no Curso de Especialização, apresento trabalhos em outros países, participo de palestras em outros estados, inclusive viajarei ao Chile a um Congresso de Psicomotricidade em novembro para apresentação de um trabalho e farei palestra, pois lá a Psicomotricidade já é uma profissão.

11. Como você vê o trabalho de pesquisa na área da Psicomotricidade? Você está realizando alguma investigação?
Dayse- Há poucos trabalhos, pois algumas monografias que temos normalmente não são valorizadas, o que dificulta muito o trabalho na área. No momento não estou realizando nenhuma pesquisa, contudo acho importantíssimo que os alunos pesquisem porque dessa maneira adquiriram mais conhecimento e terão menos dificuldade em apresentar trabalhos e escreverão mais facilmente.

12. Em sala de aula, como a Psicomotricidade pode auxiliar ao pedagogo?
Dayse- Perceber que a partir do início da escolaridade, as crianças ainda estão estruturando o seu desenvolvimento físico, mental e social. O papel do pedagogo vai ser o de analisar o histórico da criança, para que assim possa compreender que fatores influenciam na convivência com a escola e adaptar- se com o meio social, podendo assim facilitar no trabalho com as dificuldades do aluno.

13. Na sua opinião, o período em que é dado a disciplicina de Psicomotricidade na Graduação é suficiente para que os futuros educadores desenvolvam atividades adequadas?
Dayse- Não, pois o tempo é mínimo para que se possa ver a parte teórica e principalmente ter as vivências que são de extrema importância para conhecer a Psicomotricidade. Teria que ter no mínimo uns três semestres para que se pudesse trabalhar na Graduação a Psicomotricidade.

14. No decorrer do Curso de Especialização em Psicomotricidade que tipo de atividades são desenvolvidas pelos alunos?
Dayse- As atividades de campo em dupla para que um auxilie o outro, estágios supervisionados, oficinas com texto (parte teórica) e logo depois a prática seja no IPREDE ou em escolas, aulas teóricas com vídeos vivenciadas por profissionais de outros países, vivências...

15. Levando em consideração essa realidade, qual é o desafio dos profissionais que atuam nesta área?
Dayse- O maior desafio é a legalização da profissão e mais cursos em nosso país, pois só temos um curso de Graduação no Rio de Janeiro e apenas um curso de especialização pela UECE e pela UFC. No entanto, nos países como: Argentina, Chile e parte da Europa esses profissionais já tem o reconhecimento o que facilita a sua atuação na área.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Reflexões que pensam o corpo

Alunas: Claudiana Queiroz e Irinete Bezerra Ferreira

O crescimento profissional tem sido um dos maiores desejos do ser humano, levando o homem a se adequar ao padrão exigido pela sociedade, dando ênfase ao corpo como objeto de venda e representação para o comércio. O corpo é o reflexo da imagem pessoal, através do qual podemos transformar ou não os nossos valores, as nossas ações.

Atualmente fala-se do corpo como um objeto, passando uma imagem de que o mesmo não tenha necessidade de expressar-se naturalmente. Somos movidos por uma sociedade que impõe o que vestir, beber e até mesmo absurdamente o que sentir, tornando o ser humano cada vez mais mecânico, ou seja, uma peça manipulável e esculpido para o mercado que acima de qualquer sentimento está o capitalismo.

Pensando um pouco no que nos move com facilidade para o padrão social que nos é apresentado, encontramos uma palavra chave para essa situação, (preconceito), ou seja, vivemos cercados de preconceitos, e assim temos muito medo de ficar a margem da sociedade, distante do perfil da falsa beleza que conhecemos em nosso dia a dia, pois essa exclui um corpo fora dos padrões de estética, das medidas e peso exigido, fazendo com que o individuo esqueça os cuidados com a saúde, preocupando-se apenas em mantê-lo malhado, mesmo que não tenha uma alimentação adequada e saudável, pois o que realmente importa é a aparência que é usada nas propagandas, nos relacionamentos e em varias profissões, pois o corpo magro representa saúde, quando na verdade em sua maioria é apenas um corpo sacrificado e limitado, impedindo de ter uma boa alimentação e exercícios adequados.

Nesta busca pela perfeição que o comércio pede, nos privamos de realizar tarefas que achamos não ser capazes de fazer, por simplesmente não achar estar neste padrão exigido. Assim perdemos a chance de descobrirmos o potencial de nosso próprio corpo.

Mesmo diante de tantas exigências pela sociedade o corpo real existe, e tem sem duvida um grande potencial a ser trabalhado, fazendo uma ligação entre o corpo e a mente. O corpo ideal não pode ser construído apenas por matéria física, pois a sua essência está ligada ao espírito, a mente, buscando uma construção sólida, para que assim, consiga reconhecer-se integralmente, independente de está ou não dentro dos padrões sociais de um corpo ideal. Dessa forma, para viver intensamente o nosso corpo precisamos aceitá-lo, desmistificando assim, o conceito de que corpo ideal é corpo sarado, corpo perfeito.

Conforme Foucaut:
“O corpo não é nada mais que uma idéia histórica, isto é, o simples produto da construção cultural da sociedade, o corpo humano é sempre e antes de tudo uma entidade real, uma realidade material, o substrato carnal de cada pessoa.” (Parisoli,2004,p.24)

A luta por um corpo com padrão social é tão desenfreada que esquecemos dos limites e valores que esse corpo possui, sufocando-o com atividades que não se adequam ao nosso perfil corporal. Além disso, negamos o fato do corpo possui movimentos livres e involuntários, impedindo-o de se expressar, causando assim, a sua passividade diante dos momentos de pressão.

BIBLIOGRAFIA
PARISOLI, Maria Michela Marzano. Pensar o corpo. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

O que revela nosso movimento ?

Alunos: Everaldo Cândido e Flávio Anderson Liberato

Todos os seres vivos têm na sua essência o movimento, interno ou externo, veloz ou rápido, animais ou vegetais; cada espécie com características distintas. Os humanos, por sua vez, possuem habilidades capazes, muitas vezes, de imitar fidedignamente movimentos, sons de outros animais com grande perfeição, algo raro no reino animal. Por que não nos apropriamos de tal capacidade e de muitas outras, que envolvem o movimento, para trabalharmos diversas dinâmicas em nosso desenvolvimento?

As palavras do Psiquiatra e escritor “J.Gaiarsa” em um dos vídeos analisados reforçam a necessidade do movimento corporal, principalmente nas crianças, que se fundamentam de experiência e sensações para a vida adulta com simples brincadeiras. Um fundamento relatado por Gaiarsa que chama atenção, e deve ser levado como alerta e ensinamento para a família e os futuros professores, e aplicável no campo educacional, é a idéia da liberdade de movimentos, principalmente, nas salas de aula.



Afinal a escola, não deve ser caracterizada como um ambiente exclusivo para aprendizado verbal escrito. “Quanto mais movimento mais inteligência afirma o especialista”. O professor e a família devem ter o cuidado em não restringir a espontaneidade do movimento, pois a inteligência está interligada diretamente com tal.

No vídeo em que temos “As Crianças e a dança do FUNK”, é retratado como não se deve coordenar brincadeiras que envolvam erotismo com crianças. O funk é uma manifestação cultural social brasileira assim como o frevo, o Olodum, a capoeira, o bumba meu boi, entre outras manifestações que permeiam este país.


O funk originou-se nos Estados Unidos e difundiu-se na cultura brasileira, sendo massificado principalmente no Rio de Janeiro, onde surgiu no final da década de 70, e como qualquer outra música sofreu várias modificações, além do conteúdo de forte teor erótico das letras, incluindo a intervenção frequente de gemidos de contexto sexual na música, caracterizando o atual “Funk Carioca”.

O relevante em tudo isso são os estímulos tendenciosos lançados, sem temor das consequências sociais e culturais. A mídia, indústria e o comercio (o capitalismo), exemplificando, co-existem em prol de conquistarem cada vez mais consumidores, não interessando como ou em qual faixa etária investir. As novelas também fazem parte de uma das ferramentas mais eficazes de tal união, pois, basta que uma atriz ou ator use uma roupa extravagante ou exótica para que rapidamente se espalhe pelos diversos recantos brasileiros, propagando também comportamentos que, muitas vezes, podem afetar o desenvolvimento do intelecto, com mais facilidade nas crianças e adolescentes.

É bem verdade que existem várias condições externas que forçam o amadurecimento corporal, desprezam o desenvolvimento intelectual, ceifando, muitas vezes, fases essenciais, às vezes, precocemente, como o trabalho, a gravidez, as drogas, dentre outras. A condição mostrada na dança do FUNK surpreende pela quantidade de adultos prestigiando e incentivando a dança, que em suma, não tem nada a ver com brincadeira ou jogo para crianças, pois os movimentos realizados durante a dança transmitem erotismo impróprio para tal fase da vida. A perspectiva de quem assisti aquelas meninas, de forma crítica, é que a inocência se perdeu e a sexualidade aflora tanto nas “dançarinas” como nos olhares dos espectadores.

Ao analisarmos o filme Tempos Modernos, podemos fazer diversas conclusões de cunho social. Através deste podemos observar o contexto em que vivemos, apesar da obre ser realizada há anos.  O filme nos traz à tona o condicionamento empregado a partir da Revolução Industrial em nossa sociedade, o famoso ditado popular que diz: “tempo é dinheiro”, assim, não se pode admitir a perda de tempo, devemos dedicar o tempo que nos é ofertado, durante todo as 24 horas,de maneira produtiva, que possa gerar um resultado lucrativo para todos. 



Devem ser feitos todos os esforços possíveis em prol da teoria desenvolvimentista, para que a sociedade possa crescer cada vez mais rápida e de forma eficiente. No clássico analisado, Chaplin chega a sofrer danos que o levam inclusive à prisão, pois em sua jornada de trabalho que esta inserida num ambiente sob pressão do patrão, em busca de uma escala maior em produtividade a ponto de buscarem novas alternativas para que seja diminuído o tempo de “ócio” e passe a trabalhar mais, afinal de contas, não se pode perder tempo no mundo capitalista.

Como já tratado, em nossos dias atuais, o modo de vida em que vivemos também nos remete a uma qualidade de vida reduzida, em prol do tão almejado desenvolvimento, atrelado ao aspirado sucesso profissional. Em nossa busca diária, deixamos de nos importar com fatores bastante relevantes para nossa saúde corporal, como o corpo.

As pessoas estabelecem em suas vidas as inevitáveis “prioridades”, que por elas é baseada toda a vida. As escolhas que devemos tomar exigem que sejam escolhas fundamentadas no sistema produtivo vigente em nossa comunidade, não se pode admitir que um indivíduo pertencente à sociedade não foque seus objetivos na produção, ou seja, não é compreensível que jovens não se matem de estudar, pois é justamente nesse período que deve ser estruturada a base profissional de uma pessoa, não é admissível que crianças levem a vida a brincar, pois a vida não é só de prazer, elas devem começar a produzir desde cedo, estudando muito e se divertindo moderadamente.

Em suma, os vídeos apresentados possuem diversos significados relevantes para nosso desenvolvimento pessoal e profissional, afinal seremos mentores, em certos instantes, em dar sentido, orientar e motivar, os movimentos e os bons relacionamentos entre corpo, mente e espaço social de indivíduos, que por algum motivo necessitam de atenção em atividades psicomotoras.

Análise comentada do texto: Pensar o corpo e do vídeo Handin Hand Ballet

Alunas: Luciana Firmino Costa e Silvia Letícia Carneiro Araújo

Historicamente a nossa imagem está estreitamente ligada aos moldes da sociedade, diferenciando apenas dos espaços e temporalidade de cada acontecimento. Pensar o corpo como um dado real e natural está cada vez mais inviável, uma vez que, as pessoas têm sua imagem associadas a corpos idealizados e manipulados pelos costumes sociais e em muitas vezes essa imagem confunde-se com a própria identidade do individuo.

Para Foucault apud Parisola (2004), “o corpo não é nada mais do que uma ideia histórica, isto é, o simples produto da construção cultural da sociedade, o corpo humano é sempre e antes de tudo uma entidade real, uma realidade material, o substrato carnal de cada pessoa”. A sociedade encara o corpo de acordo com a cultura de cada local, onde o movimento e o corpo em si são embelezados em uma cultura, já em outra são descriminados e reprimidos.

Os corpos são educados por toda a realidade que os circunda, por todas as coisas com as quais convivem, pelas relações que se estabelecem em espaços definidos e delimitados por atos de conhecimento. Uma educação que se mostra como face polissêmica e se processa de um modo singular: dá-se não só por palavras, mas por olhares, gestos, coisas, pelo lugar onde vivem. (SOARES, 2001, p.110).


A excessiva preocupação com a imagem é um fato constatado, onde o sujeito passa a julgar o outro (o diferente) como um ser inferior e não como uma pessoa que simplesmente não é igual a ela, mas sim diferente e esta característica do diferente não pode ser associada à desigualdade e sim, do que não é simplesmente igual, que se difere do outro, logo deveríamos chegar à conclusão que precisamos do diferente uma vez que, só podemos aprender com o diferente já que o igual não nos pode proporcionar algo novo. Existe hoje um verdadeiro projeto de construção e de manipulação do corpo que visa recriá-lo segundo as regras do mercado, recusando e culpalizando ao mesmo tempo os corpos que se afastam e se diferenciam dos modelos propostos. (Goffman apud Parisola, 1959; 1963).

Não se trata somente de entender o corpo como uma questão cultural ou uma prática social, o corpo é o que nos movimenta, é que nos torna homens e mulheres e que nos fazem viver e se encontrar no mundo. Porém homens e mulheres, salvos algumas exceções, aceitam os modelos de controle, de consumo e dos meios de comunicação e acreditando que “o homem deve construir seu corpo pelo exercício físico, a fim de torná-lo compacto e musculoso, enquanto que a mulher deve, sobretudo domesticá-lo pelos regimes de emagrecimento, a fim de torná-lo compacto e esbelto” (PARISOLI, 2004)

O vídeo abaixo, de uma apresentação de ballet, demonstra claramente o equívoco dos velhos¹ preconceitos de que é preciso um corpo idealizado para cada tipo de função como a dança, por exemplo, principalmente se esta dança for o balé que necessita de muita superação física de seus dançarinos e de que os corpos que se enquadram nesta dança têm que ser associados à perfeição extrema da sociedade e quem foge desses padrões recebe logo o estigma do fracasso e que não se enquadra logo não consegue realizar essa função.



O vídeo nos mostra justamente isso, que o nosso corpo é mais do que uma simples imagem codificada e manipulada, ele na verdade não pode ser limitado por esses estigmas. Nosso corpo tem por finalidade romper as barreiras das nossas limitações, superando a cada vivência os obstáculos condicionados em nosso cotidiano.

Quem poderia dizer em são consciência que um homem e este com apenas uma perna poderia dançar balé? Você acreditaria em um bom êxito do rapaz? Ou os preconceitos impostos pela nossa sociedade manipulariam sua opinião a respeito? Essas inquietas e questionamentos perpassam sempre em nossas vidas, nem que seja inconscientemente e cabe a cada um de nós compreendermos que todo ser tem capacidade de usar o seu corpo para determinada arte e como bem entender.

Portanto, podemos ter diversas possiblidades com o nosso corpo, não queremos nós referir aqui que não devemos cuidar do corpo, queremos refletir que existem opções para o seu cuidado e que não devemos utilizar do corpo para realizar testes e como uma indústria de consumo exacerbado. Cada um tem direito a ter o corpo que quer ter, optando por ser um corpo saudável e sem discriminações.

A beleza se constitui a partir de um aparato discursivo - e também de visibilidade - que reúne diferentes discursos: o da saúde, o da religião, o da moral, o do conhecer a si mesma, o da publicidade etc, que, tramados, assumem outras significações, constituem as especificidades que caracterizam o discurso sobre a beleza. Todos vão confluindo para constituição de um certo modo de ser bela (uma determinada representação), que vai desde a beleza como uma dádiva divina até a noção de beleza que enfatiza o trabalho da mulher sobre o seu corpo, no qual “só é feia quem quer”, conforme enfatizam as pedagogias culturais . (SANTOS, 1998)

Além disso, fica cada vez mais evidente o falso discurso mascarado de que existe uma sociedade contemporânea hegemônica sobre o corpo considerado belo e “sarado” com a exaltação do slogan da cultura da aparência. No entanto, o corpo humano não se limita a essa sistematização que nos foram impostas pela nossa educação. Com isso se faz necessária, criações de várias possibilidades que visem ampliar as suas diversidades de manifestações prazerosas que nosso corpo pode vivenciar.

¹ Serão realmente velhos ou ainda persistem em nossa sociedade capitalista.

Referências:
PARISOLI. Maria Michela Marzano. Pensar o corpo. Petrópolis. Editora Vozes: 2004.
SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo. Campinas: Autores Associados, 1998
Site: http://www.brasilescola.-influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Corpo, corpos e identidade

Alunas: Stefany Alves Saraiva

Referência: PARISOLI. Maria Michela Marzano. Pensar o corpo. Petrópolis. Editora Vozes: 2004.

Nos tempos de hoje o corpo humano tornou-se templo de adoração para muitas pessoas. Muitas pessoas estão atrás do corpo perfeito, um corpo que “não é seu” de fato, não é seu corpo real. O corpo hoje, se tornou “um objeto de manipulação e de encenação.”

O corpo humano vem sendo modificado de acordo com os critérios da sociedade. O que é proposto pela sociedade é um corpo magro/esbelto sem nenhum defeito. O ser humano nasce de um jeito e com o passar do tempo ele é modificado, para ir a busca do corpo perfeito.

"Segundo Butler, por exemplo, o corpo é um texto escrito pela cultura e o único modo de opor-se à cultura é desconstruir este texto produzindo um texto novo. Segundo Bordo e Hekman, ao contrário, o corpo não é um texto, mas é antes uma página sobre a qual a cultura escreve seu texto.” (p. 29)


Muitas pessoas sonham tanto em chegar ao corpo musculoso/esbelto/perfeito, que ficam sem controle atrás da sua meta. Isso acontece, pois (como já foi dito anteriormente) a sociedade impõe o modelo ideal, que é o corpo: forte, jovem, musculoso e firme, um corpo que “esconda” os sinais do tempo. A mídia influência demais com propagandas que mostram pessoas com corpos perfeito-magro/musculosos, e depois mostram o por que aquela pessoa ser daquele jeito, seja por algum medicamento ou aparelho de musculação. Então as pessoas acham perfeito e e vão atrás daquele corpo perfeito, chegam até ficar paranóica com isso.

Análise reflexiva dos vídeos vistos em sala

Alunas: Regirene Peixoto de Araújo da Ponte e Layanna

Escolhemos três dos vídeos vistos em sala de aula para análise e, como critério para a escolha buscou-se trabalhar as diversas formas de pensar o corpo, tanto em uma dança popular como em uma dança dita clássica ou mesmo em um momento de trabalho. Nos três momentos, percebemos uma manifestação corporal que traduz não somente o que o individuo está buscando expressar, mas o contexto cultural em que se insere.

Iniciando a análise pelo vídeo do balé clássico, vale ressaltar, que se trata de uma dança que teve origem nas cortes da Itália renascentista durante o século XV que se desenvolveu ainda mais na Inglaterra, Rússia e França. As apresentações são realizadas principalmente com o acompanhamento de música clássica. É um tipo de dança influente a nível mundial que possui uma forma altamente técnica. Este gênero é muito difícil e requer muita prática. Com muita leveza e propriedade a bailarina percorre o palco demonstrando leveza e técnicas incríveis. É uma dança bonita e de fácil admiração.



O segundo estilo de dança escolhido foi o Funk, mais especificamente do Funk Carioca que é o estilo predominante aqui no Brasil. Manifestação ligada as favelas do Rio de Janeiro, o Funk veio para o Brasil influenciado por um novo ritmo da Flórida. Os bailes, festas ou discotecas que tocam Funk carioca, são realizados em clubes do subúrbio da capital, expandiram-se a céu aberto, nas ruas, onde as equipes rivais se enfrentavam.



De um lado temos a dança que surge na realeza e de outro temos a dança popular que tem sua origem nas periferias. Um estilo exclui pessoas pelo seu estereótipo ou classe social, o outro inclui toda uma comunidade de pessoas marginalizadas. Ambas são manifestações do corpo e estão respaldadas na cultura de um povo. Não podemos deixar de perceber que certas modalidades fogem do que muitas vezes acreditamos como “correto” para a sociedade em que vivemos, no entanto, é justamente a diferença, a diversidade, que torna esse universo do corpo tão rico.

O vídeo de Charles Chaplin visa fazer uma análise a respeito do tratamento que damos ao corpo no contexto de uma sociedade industrial e tecnicista. Exasperado pela rotina de trabalho mecânico, o vídeo nos mostra como as pessoas se submetem a viver em ritmo alucinante, sem qualidade de vida com seus propósitos irracionais. Evidencia que a velocidade da máquina não pode ser a velocidade do ser humano.



O esforço humano em trabalhar dentro de um sistema de repetição mecânica, contínua e cronometrada acaba por levar as pessoas a não dar importância aos limites do corpo. Os mais fortes acabam sobrevivendo como se fossem máquinas. O que caracteriza o ser humano é a somatória de ações que se desenvolve em relação ao seu corpo. O ritmo de vida se torna cada vez mais frenético e o corpo sofre as consequências. O relacionamento do corpo com as tecnologias e com as máquinas gera um desconforto desses corpos nessas máquinas.

A única solução para tudo isso é mudarmos radicalmente nossos valores, pois os movimentos expressivos do corpo identificam a necessidade natural que o ser humano tem de expor seus sentimentos e pensamentos de forma sistematizada ou não, evidenciando o espírito artístico ou simplesmente como forma de lazer.

Somos sempre convidados a conhecer o próprio corpo e explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais e utilizá-los em situação de interação. Podemos verificar que a maneira como o corpo é percebido se altera constantemente de acordo com sua história e suas formas de pensar. O corpo por meio de seus gestos e da intenção dos movimentos revela a maneira como um povo se comporta e se relaciona. Nesse artigo tratamos o homem em relação a seu corpo e as repercussões destas relações com o corpo, considerando - o como um todo, que engloba matéria e espírito, intelecto e emoção.

domingo, 10 de julho de 2011

Recreio ou Intervalo

Alunas: Andrea Nogueira de Moura e Marinalva Evangelista Moreira

Quando você ouve a palavra recreio, o que vem em mente?
Na minha mente, aparecem crianças.
Quando você ouve a palavra crianças, o que vem em mente?
Na minha, movimento, muito movimento.
Acho que poucos procuraram no dicionário o que significa recreio, eu fiz isso.


RECREIO
s. m.
1. Passatempo, divertimento.
2. Tempo concedido aos escolares para brincar.
3. Lugar onde esse tempo (de brincar)* é passado.
4. Por ext. Prazer; deleite.
5. Lugar ameno, agradável.
FONTE: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=recreio
*grifo meu.


Acabo de entender porque, quando crescemos, o "recreio" vira "intervalo".
Ontem, vi um vídeo que criticava àqueles que inibem o movimento da criança.
A criança, por ser um ser ativo, criativo, vivo e novo, tem sua necessidade de descoberta.
Uma dessas descobertas é o movimento.

Imagine o quão bom é quando se percebe que é possível ficar de pé.
E depois andar E depois correr.
E depois pular.
E depois explorar tudo isso. E depois ouvir: - Menino, fica quieto!

É aí que entra o intervalo e acaba o recreio.
É aí que some a equação: RECREIO = CRIANÇA + MOVIMENTO.
Quando aparece o intervalo, tudo fica chato, tudo fica inerte.

O corpo do aluno

Alunas: Danielly Oliveira e Milena Castelo Branco

  

 Na Educação Infantil devemos valorizar a  exploração natural da criança, cada movimento é uma aprendizagem e cada faixa etária corresponde a certo nível de resposta pela criança, de representação e, portanto faz-se necessário que sejam respeitados os seus limites e curiosidade pessoal. Utilizar a linguagem - movimento: contribuir para seu desenvolvimento fazendo a criança sentir suas dimensões, conhecendo a si próprio  e dessa forma interagir com o mundo, mas sobre tudo vivenciando a motricidade no corpo estimulando assim o desenvolvimento dos esquemas corporais psico-afetivos e educacionais.
   As crianças que observamos nas imagens estão vivenciando a experiência motora em lugares tranqüilos onde possam ser livres, onde possuem autonomia sobre seus corpos a ponto de descobrirem seu potencial criativo e expressivo, tomando consciência de seus corpos e reconhecendo-se. O corpo é aproveitado de forma adequada em movimentos amplos, constantes, diversos de expressões de acordo com as prioridades de cada criança. A alegria se expressa em seus corpos sem que precisem verbalizar, são externados movimentos que refletem sua inteligência ilimitada fazendo uma relação do corpo com a alma, comunicando-se, transformando-se... é um espetáculo ver as crianças nesses momentos, sendo tão livres quanto possam ser.