terça-feira, 25 de outubro de 2011

ATENÇÃO!


Olá turma,
 
Informar que, infelizmente, NÃO HAVERÁ aula hoje, terça-feira, dia 25 de outubro!
Envie os fichamentos por e-mail. E entregue as reflexões na próxima aula, impresso!
 
Por favor avisem aos colegas!
 
Um abraço e até próxima terça!
 
Carol Costa Bernardo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quem somos? Quem o outro é?

Alunas: Nívea da Silva Sales e Rita de Cássia da Silveira 



 Somos um corpo que está em constante busca pelo autoconhecimento. Um corpo que busca aparências e ao mesmo tempo foge dela, quando nos percebemos como um corpo que sente, um corpo que ri, que chora, que vive! 

Conhecer o corpo, é descobrir que corpo somos e nos debruçar sobre ele enquanto indivíduo, é perceber que está além do físico, da matéria, pois esse corpo possui uma alma, uma personalidade, uma forma própria. O melhor modelo que podemos usar como metáfora para a compreensão do corpo é a pupa da borboleta, que não é exatamente a própria borboleta, mas sim a sua forma de existência temporária. Enquanto está dentro do casulo, a borboleta é a crisálida, porque vive nela e através dela, embora aquela forma larval nada tenha a ver com o inseto colorido que alegra os jardins, voando de flor em flor em busca do néctar. 

Ou seja, associando a ideia de quando o inseto sai do casulo, percebemos que o corpo é uma forma de existência temporária, onde temos de passar por experiências sob forte pressão existencial, e são as próprias necessidades básicas e fisiológicas para a conservação do corpo que definem grande parte de nossa existência, que gira em torno da manutenção dessa forma biológica frágil e instável. 

São poucas as pessoas que percebem como é fútil a construção de tantas vaidades e ambições numa base existencial tão vulnerável e transitória. Precisamos ser além de meros sinais diacríticos, pois são sinais que "estabelecem uma diferença de sentido e significado, apesar de serem, em si mesmos, desprovidos de sentido ou significado.” (ALMEIDA, 1996). Precisamos romper com as barreiras sociais que não nos permitem conhecer o nosso próprio corpo, nem o corpo do outro e acabamos criando um muro que não nos deixa enxergar para “além das origens”. 

Através da “libertação” dos “pré-conceitos” que existem dentro de nós, vamos nos tornar mais abertos e livres para aceitação do nosso corpo, do corpo do outro, e assim, passaremos a conhecer que corpo somos, corpos esses que são “(...) o lugar de representação da própria ‘alma’.” (ALMEIDA, 1996). 

Nosso corpo é marcado pelos acontecimentos da vida, onde todos os pensamentos e sentimentos constroem esse corpo e cada ideia é uma resposta corporal. O corpo “(...) é o interface perfeito entre natureza e cultura, entre indivíduo e sociedade, entre autonomia e regulação.” (ALMEIDA, 1996). Sendo assim, o corpo passa a ser visto, também, como um produto do meio, um produto influenciável, que está em constante processo de construção. 

Não é necessário emitir sons para que ocorra a fala, porque o próprio corpo, em si, fala. “O corpo manifesta-se, faz o seu próprio manifesto. Nas doenças, nos êxtases, nas depressões, nas manipulações de que é alvo, no amor, numa mudança de sexo, numa dança, numa greve de fome. O corpo pede política e a emancipatória. Por isso, é altura de, para além do corpo que se manifesta, construir um Manifesto do Corpo.” (ALMEIDA, 1996, p. 16) 

Sendo assim, percebemos, sobretudo descobrimos, com essa reflexão, que não somos corpos isolados no tempo e espaço, mas uma unidade complexa em convivência, que precisa se manifestar para a descoberta do próprio corpo, que é construído pelo espaço vivido, mas que não pode esquecer que o SER é mais importante que o TER. 

Por saber que a nossa vida é um palco de aprendizados, precisamos adquirir a lição, prestando atenção nos sinais transmitidos pelo meio e no ritmo da natureza. Nosso corpo está em constante processo criativo, sendo uma fonte de recursos para atingirmos a nós mesmos. Então, “Que Corpo Somos?” Somos um corpo que pensa, que age, que descobre, que se esconde, que ri, que chora, que ama, que odeia, que luta, que desiste, que fala, que cala, e que, sobretudo, está em constante processo de autoconhecimento!

Corpo e dança: reflexões sobre educação


Alunas: Ana Keilla Conceição de Oliveira e  Keysianne Gondim Costa

Quando pensamos em nosso corpo, imaginamos algo separado de nossa mente e de nossa história. Fomos habituados a deixar os discursos externos ao nosso corpo, moldar o que devemos ser e aprisionar nossas emoções, nos fazendo esquecer nossas experiências. Nossa sociedade nos educa através de uma cultura de imobilidade, talvez nem saibamos de todas as possibilidades que o nosso corpo pode ter.

Através da dança, é possível haver uma reeducação deste corpo. É através dela que podemos aprofundar o conhecimento e o sentimento da história dele. Dançar com os sentidos e pensamentos aguçados, trará uma maior consciência dos nossos ossos, dos nossos músculos, de suas articulações e da relação entre eles e nossa pele. Podemos vivenciar nossa coordenação, qualificar nossa força, respirar melhor e aceitar nosso próprio corpo, pois não podemos fugir dele.

Quando aceitamos nosso corpo e deixamos ele se manifestar como um todo, organicamente, psicologicamente e afetivamente, mudamos nossa relação com o mundo e isso age de forma terapêutica em nossas vidas. Essa possibilidade de manifestação nos leva a encontrar nossos próprios fluxos de intensidade e criação artística. Criando e recriando possibilidades dentro de nós mesmos, podemos encontrar novas possibilidades de se relacionar com o mundo.

Hoje a educação de nossa sociedade engessa nossas possibilidades. Parece tarefa incansável da escola, nos transformar em reprodutores de idéias. Nossa mobilidade, nossa criação e nossos sentimentos, são controlados de maneira que não podemos nos expressar.

Como educadores, podemos utilizar a transversalidade da dança, da terapia e da educação para potencializar essas possibilidades artísticas em nós e em nossos alunos. Mesmo se tratando de áreas singulares, a terapia tratando dos impedimentos psíquicos da realização da potencia humana; a arte como expressão de nossas emoções e a educação como interiorização do conhecimento da humanidade; podemos encontrar pontos de encontro e recriação de um novo tipo de sensibilidade e atitude pedagógica.
Reeducar é realizar a difícil tarefa de deixar o outro aprender, despertando o sentido da ação germinadora. É permitir, com seus próprios recursos e empenho, metamorfoseie muralhas em portas, só aí o sentido generoso da educação se revela.”



Referência
MARZANO, Maria Michela. Pensar o corpo. Petrópolis, RJ: 2004. (p.23 – 44)

Corpo real – Corpo ideal


Francisco Souza da Costa e   Onésima Patricia Mendes dos Santo

Segundo Marzano (2004), pensar o corpo no contexto social cultural contemporâneo, tem-se que diferenciar o corpo real do ideal, pois o corpo traz marcas e significados impostos e aceitos pela sociedade em que ele está contextualizado. Segundo Foucaut, o corpo não é nada mais do que uma ideia histórica, isto é, o simples produto de construção cultural da sociedade, o corpo humano é sempre e antes de tudo, uma entidade real, uma realidade material, o substrato carnal de cada pessoa.

O corpo real perde espaço para o corpo ideal, sendo o segundo um corpo idealizado e fruto de uma sociedade, que procura impor e cultuar um corpo desumanizado e desnaturalizado, e o dita como sinônimo de saúde, poder e liberdade, ocultando a realidade.

Hoje a sociedade procura a cultura do corpo ideal, sob os critérios estéticos e éticos, procurando controlar esse corpo com a finalidade de caracterizá-lo como regra geral, contrapondo-se ao corpo real, e esse corpo manipulado e recriado tenta parecer ser valorizado, mera aparência, pois ele “oculta a depreciação de sua materialidade e a neutralização de sua realidade” (Marzano,2004, pg. 26).
O corpo é natural e real, não podemos colocá-lo apenas como produto formado pela sociedade, mesmo com suas mudanças através dos tempos, ele não deixa de ser o instrumento do qual o ser humano vivencia com o outro e socializa-se com o meio social. 

O corpo é materializado, seguindo tendências, a dita moda. O indivíduo não nasce como a sociedade quer, então como no photoshop ele escolhe uma imagem ideal, se adéqua a ela, nem que isso custe muito dinheiro ou sua saúde. Chega a virar compulsão a ditadura da beleza, onde o individuo age de forma domesticada. Caso ele fuja das regras sua ação é tida como falta de controle.

O controle é um objetivo a ser cumprido, seguindo aspectos físicos, comportamentais e emocionais. Essas regras alcançam a homens, mulheres e crianças, seguindo uma ordem desordenada, onde a criança quer ser adulto, o adulto que ser jovem e ninguém quer ficar velho.

Esse domínio vai além da preocupação com a idade, parece que a ordem é não estar satisfeito com sua aparência. Se estiver gordo sou desmazelado, se sou magra demais sou anoréxica, se sou forte demais sou exagerado, se tenho muitas curvas estou gorda, ou seja, não há se quer de fato um padrão perfeito, porque todos os padrões impostos são desmistificados de alguma forma. O que na verdade a sociedade consumista quer é que busquemos sem cansar uma tal perfeição que não conhecemos, pois na verdade não existe perfeição.

O padrão impõe a manipulação do nosso corpo. O ser acaba assim domesticando o próprio corpo para a sociedade, como se sua personalidade inexistisse. A partir disso o ser faz uma avaliação dos indivíduos que não seguem o mesmo modelo identificando e avaliando de forma negativa, fazendo um julgamento moral sem reconhecer que o normal não é diferente, e que o diferente na verdade são aqueles que mudam suas fisionomias sem levar em conta aspectos relevantes a sua realidade.

Há uma subjugação de idealidade onde maior parte das pessoas modificam sua natureza (cor da pele, dos olhos, cabelos) de maneira uniforme, onde não há mais exclusividade, diferenciação, o que encontramos são seres que seguem esse padrão de perfeição, na qual, o seu não aceita e não resiste. Alguns não se importam nem com os limites do seu corpo, vai além de tudo isso, chegando a se tornar ridículos.

Essa não aceitação é impregnada na cabeça das crianças pelas mães de forma que a infância é deixada de lado, a brincadeira é direcionada para um contexto de adulto, onde a menina é mamãe e o menino é papai, médico, policial. As mães parecem que não gostam de curtir essa fase, é um sentimento de livramento.
Os corpos acabam que se tornando todos iguais. As pessoas se identificam com essa materialidade e fazem dela sua marca e personalidade. “(...) o corpo é como tal uma parte de cada pessoa, sendo ao mesmo tempo um objeto do mundo.” (Le Breton,199) Pág.44
Referência
MARZANO, Maria Michela. Pensar o corpo. Petrópolis, RJ: 2004. (p.23 – 44)

Do Corpo da Carência ao Corpo da Potência: Desafios da Docência Entrevista


Dupla: Isabelle Alexandre Carneiro e   Natali Mourão Coelho

Essa entrevista é uma das atividades exigidas na disciplina de Corporeidade e Psicomotricidade na Educação, do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (UECE), ministrada pela professora Carol Costa Bernardo. As perguntas que compõem a entrevista estão relacionadas ao estudo do texto “Do corpo da carência ao corpo da potência”, escrito por Azoilda Loretto da Trindade, professora, pedagoga e psicóloga. Doutoranda em Comunicação pela Escola de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ).

Nossa entrevistada é uma professora de Ensino Fundamental I, Eliete, estudante, cursando o 6º semestre de pedagogia na Universidade Vale do Acaraú, ela ensina uma turma de 2º ano pela manhã e outra de 5º ano à tarde numa escola particular de pequeno porte no bairro Messejana. Solteira, residindo em Fortaleza, a professora ainda mora com seus pais, Sua mãe foi responsável por sua educação, ensinando-a e conscientizando-a do valor que a educação tem para a vida.

Em seu texto, Azoilda procura compartilhar suas percepções e reflexões acerca do corpo, dos conceitos e das práticas que o envolvem em sala de aula. Ela nos faz atentar para as perspectivas que nós, educadores, temos e tudo o que queremos e conseguimos passar para nossos alunos sobre o assunto em nossa prática.

Através da narração de alguns fatos ocorridos em escolas, a autora nos faz refletir sobre preconceito, discriminação e racismo e nos mostra que devemos ajudar as crianças a construir conceitos de corpo, sem discriminações.

Como podemos observar na entrevista, a professora Eliete não apresenta um conceito de corpo livre de discriminações, quando perguntamos sobre concepção de corpo, ela respondeu apenas sobre seu estado físico, dando como resposta: “nem gorda, nem magra”. 

Pudemos inferir, que a professora não tem uma visão de corpo além do seu próprio corpo. Isso é uma realidade comum vivenciada por grande parte dos professores, que contribuem dessa forma, para uma pedagogia da carência, da falta, dos estereótipos. Já que temos uma educação que nega o corpo de uma vivencia criativa e de movimento.

Nós, professores devemos nos afastar dessa pedagogia centrada na obediência, na reprodução de valores que torna os alunos submissos e os condena a não-aceitação do próprio corpo. Temos que ter coragem para enfrentar e trabalhar uma pedagogia de acolhimento, que aceite as diferenças para construir um comportamento, uma visão de corpo que respeite a diversidade cultural que existe em nossas escolas, em nossa sociedade como um todo.

TRINDADE, Azoilda Loretto da. Do corpo da carência ao corpo da potência: desafios da docência. In: GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

Segue entrevista >>


1.    Quem é você? Quando e onde nasceu? Onde vive? Quem, em casa, foi responsável por sua educação?
Me chamo Eliete, nasci no dia 28 de novembro de 1980. Moro em Messejana com meus pais e duas irmãs. Minha mãe sempre foi responsável por minha educação, sempre paciente e conscientizando que a educação é uma das bases da vida.

2.    Qual o seu nível de escolaridade?
Estou cursando Pedagogia, 6º semestre.

3.    Qual a sua concepção de corpo?
Nem gorda, nem magra.

4.    Qual a sua cor/ raça?
Morena (parda)

5.    Como você percebe e vê seu corpo?
Estou satisfeita, pois não estou com um corpo muito gordo nem magro

6.    Que recordações você tem de sua infância em relação ao seu corpo? Sofreu algum tipo de discriminação? Qual? Como se sentiu?
Quando eu era pequena, sempre fui gordinha, e nunca ninguém me discriminou por isso.

7.    No ambiente escolar, já percebeu entyre alunos e professores algum ato de discriminação em relação ao corpo? Como aconteceu?
Nunca presenciei algo parecido.

8.    Na sua prática pedagógica, como você percebe o corpo de seu aluno? E como você trabalha a diversidade de corpos e culturas dentro da sala de aula?
Meus alunos estão no mesmo patamar, eles tem os corpos um pouco parecidos, mas se houvesse alguém mais gordo ou magro, procuraria mostrar que as diferenças existem e que nem todo mundo é igual e que devemos saber respeitar cada um.

9.    Você capta a bagagem social e cultural presente nos corpos dos seus alunos e planeja sua prática baseada nisso?
Nunca pensei nessa posição.

10. Qual o seu sentimento em relação a uma pedagogia centrada na obediência e no medo? Como essa pratica afeta os corpos discentes?
Acredito que uma pedagogia assim não terá muito resultado, deve haver respeito por parte do professor x aluno, aluno x professor ou coordenador x professor e professor x coordenador. Se houver esse respeito o trabalho será mais satisfatório.

11. Como você acredita que seria uma pedagogia capaz de tornar os alunos “senhores dos seus próprios corpos”?
Seria bem legal pois estaríamos trabalhando as nossas limitações e aceitação consigo mesmo e com o próximo.
           

Reflexões a partir do texto Do corpo da carência ao corpo da potência de Azoilda Loretto


Alunas: Valdiléia da Silva Pires e Ângela Rafaelle


 A partir do texto lido podemos refletir um pouco sobre as práticas educativas exercidas dentro do ambiente escolar. Percebemos que essas práticas têm interferência na maneira como essas crianças desenvolverão suas capacidades pessoais e como se socializarão com os outros corpos que farão parte de seu convívio social.

Segundo a autora:

Não somos boas ou más, somos pessoas, somos humanas, e, como a violência desta humanidade vai de Gandhi a Hitler, podemos ser perversas, cruéis, intolerantes e até nos esquecermos da nossa responsabilidade de docente e de que, muitas vezes, o corpo da criança fica desamparado diante de ações tirânicas de corpos adultos, sobretudo quando este corpo adulto é docente.

Para que possamos exercer o papel de docentes capazes de interferir positivamente na vida de nossos alunos, precisamos primeiramente nos reconhecer como corpos que se diferem dos demais. Conhecer, aceitar e trabalhar nossas limitações. Admitir e perceber que as diferenças existem, tentando compreendê-las e respeitá-las.

 Nosso verdadeiro papel na educação não é moldar os alunos ao que é considerado o padrão “normal” da sociedade, mas sim, contribuir para que esses corpos consigam se expressar livremente, superando suas possíveis limitações sem ter que se moldar a algo imposto pela sociedade, respeitando as diferentes expressões dos outros corpos. Talvez dessa maneira possamos nos aproximar de uma pedagogia da potência.

Vivemos em uma sociedade repleta de diferenças que manifestam-se nos diferentes corpos que formam esse meio no qual estamos inseridos e em constante interação. A partir desta reflexão montamos um painel de fotos com alguns corpos que expressam algumas das principais diferenças presentes em nossa sociedade. Visualizando esses corpos percebemos que eles fazem parte do nosso cotidiano. Surge então um questionamento: Como lidaremos com essas diferenças que também estão presentes no ambiente escolar?

TRINDADE, Azoilda Loretto da. Do corpo da carência ao corpo da potência: desafios da docência. In: GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

Entrevista com a pedagoga Joselma Dória Figueiredo


Alunas: Amanda Vasconcelos Bessa e Lívia Chaves Lima

A entrevista foi realizada em uma escola particular de Fortaleza com a pedagoga Joselma Dória Figueiredo, especialista em psicopedagogia e psicomotricidade, com o objetivo compreender a visão de uma pedagoga sobre corpo, movimento e educação.

Os movimentos expressivos do corpo identificam a necessidade natural que todo ser humano tem de expor seus sentimentos e pensamentos de forma sistematizada ou não. Segundo Silvana Vilodre, o movimento do corpo se afirma através do conhecimento de si mesmo, portanto o corpo manifesta a identidade, através das diversas intervenções impostas por nossa cultura.

Segundo Michel Foucault, a problematização do corpo que determinadas culturas atribuem são estabelecidas para o controle da sociedade sobre o indivíduo, assim, estranhá-lo e colocá-lo em questão sem entender seu significado e sem valorizá-lo faz parte das representações que foram criadas para perseguir um ideal de beleza muitas vezes inalcançável.

O ideal de beleza que a maioria das pessoas almeja é aquele que a mídia supervaloriza. Ideal que muitas vezes é virtual e não pode ser alcançado, pois existem programas de computador que melhoram a aparência da pele, as formas do corpo, ou seja, segue-se um referencial que de fato não existe. Indivíduos que não estão dentro desse padrão de “corpo ideal” podem até se sentir bem com o próprio corpo em determinado momento da vida, entretanto passam a buscar esses padrões para se encaixar em determinadas representações, e muitas vezes para ganhar destaque em seu meio social.

O conhecimento do próprio corpo é muito importante para que cada indivíduo se sinta bem com sua forma, pois a partir do momento em que existe uma relação de satisfação com o corpo, não se deixa que as influencias, principalmente das industrias de beleza e da mídia, interfiram na identidade de cada um.

Deste modo, podemos perceber o quanto é importante que se tenha um autoconhecimento sobre o próprio corpo e uma visão critica sobre os referenciais estéticos da mídia para não deixar que o exagero da individualização das aparências se torne uma referência ou uma identidade para cada um, pois cada corpo é único.


GOELLNER, Silvana Vilodre. A produção cultural do corpo. In: LOURO, Guacira Lopes; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis: Vozes, 2ª ed. 2005. p. 28 - 40.

Segue entrevista >>

1.    Qual o seu nome, a sua profissão e a sua formação profissional?
Joselma Dória Figueiredo, professora, formada em pedagogia, serviço social, com especialização em psicopedagogia e psicomotricidade.

2.    O que é o corpo na sua concepção?
É o objeto primário pelo qual o homem apreende e experimenta o mundo.

3.    Em sua opinião qual a importância da linguagem corporal e como você a utiliza no seu dia a dia?
O corpo é o meio pelo qual a psique se manifesta. O corpo é capaz de apreender muito mais do que o homem é capaz de perceber. Dessa forma, a linguagem corporal é o meio no qual deposito um olhar mais atento sobre as minhas ações em comparação com as dos outros.

4.    Quais processos educativos podemos utilizar em sala de aula para que a criança adquira um autoconhecimento do seu corpo e assim, possa fazer a construção da sua identidade?
O corpo deve ser percebido a partir da metáfora do movimento. O movimento é a forma pelo qual o corpo busca se afirmar no espaço. Tudo aquilo que busca uma interação do corpo em função de sua conexão com o espaço, exige da pessoa uma reflexão sobre as suas capacidades e conhecimentos corporais.

5.    Você acha importante problematizar o corpo com as crianças para se trabalhar as diferenças?
Sim. O corpo é um instrumento de aplicação complexa. É uma estrutura modulável e intercambiante. Sua afirmação se dá pela diferença de possibilidades possíveis dentro do mesmo espaço. Sua problematização é um sintoma inerente a sua própria constituição, o corpo como objeto de autoconhecimento é um indício de particularidades e especificidades não-lineares. No cerne de sua estrutura, o corpo é em si mesmo, a sua própria diferenciação.

6.    Você concorda que a escola é um espaço que interioriza os hábitos e valores da sociedade através da educação dos corpos? Por quê? 
Sim. A escola se insere dentro de um contexto cultural e perpetua diversos aspectos da sociedade em sua rotina diária, sendo, responsável direta pela promulgação de determinados conceitos e equívocos em relação ao corpo.

7.     A televisão, as revistas, as propagandas estão o tempo todo exibindo a individualização da aparência que muitas vezes torna-se exacerbada. Você acha que essas interferências da mídia podem acabar modificando na maneira que cada um pensa sobre o seu corpo?
            Sim. A construção de um corpo perpassa por uma ideia de mimese, ou imitação. A mídia prega uma equalização de conceitos e definições  trazendo a tona toda uma compreensão equivocada por parte da sua audiência. Incidindo e propondo uma série de generalidades culturais e sociais, o corpo passa a ser visto como um elemento pré-moldado, estabelecido como material de busca comum a todos, não existindo a possibilidade de multiplicidades e pluralidades. Assim, a mídia estimula a busca por um corpo ideal, um corpo já parado e programado. O público apreende esse modelo e passa a copiá-lo no seu imaginário e em sua vida diária.

8.      Você acha que o corpo pode ser revelador da identidade de cada pessoa? Por quê?
 Sim. O corpo é a matéria do ser humano. Tudo aquilo que pode ser expressado psicologicamente (dentro) pode ser expressado corporalmente (fora). Sendo assim, o homem molda seu corpo a partir daquilo que lhe compõe.