Dupla: Isabelle Alexandre
Carneiro e Natali Mourão Coelho
Essa entrevista é uma das atividades
exigidas na disciplina de Corporeidade e Psicomotricidade na Educação, do curso
de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (UECE), ministrada pela
professora Carol Costa Bernardo. As perguntas que compõem a
entrevista estão relacionadas ao estudo do texto “Do corpo da carência ao corpo
da potência”, escrito por Azoilda Loretto da Trindade, professora, pedagoga e
psicóloga. Doutoranda em Comunicação pela Escola de Comunicação Social da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ).
Nossa entrevistada é uma professora
de Ensino Fundamental I, Eliete, estudante, cursando o 6º semestre de pedagogia
na Universidade Vale do Acaraú, ela ensina uma turma de 2º ano pela manhã e
outra de 5º ano à tarde numa escola particular de pequeno porte no bairro
Messejana. Solteira, residindo em Fortaleza, a professora ainda mora com seus
pais, Sua mãe foi responsável por sua educação, ensinando-a e conscientizando-a
do valor que a educação tem para a vida.
Em seu texto, Azoilda procura
compartilhar suas percepções e reflexões acerca do corpo, dos conceitos e das
práticas que o envolvem em sala de aula. Ela nos faz atentar para as
perspectivas que nós, educadores, temos e tudo o que queremos e conseguimos
passar para nossos alunos sobre o assunto em nossa prática.
Através da narração de alguns fatos
ocorridos em escolas, a autora nos faz refletir sobre preconceito,
discriminação e racismo e nos mostra que devemos ajudar as crianças a construir
conceitos de corpo, sem discriminações.
Como podemos observar na entrevista,
a professora Eliete não apresenta um conceito de corpo livre de discriminações,
quando perguntamos sobre concepção de corpo, ela respondeu apenas sobre seu
estado físico, dando como resposta: “nem gorda, nem magra”.
Pudemos inferir, que a professora não
tem uma visão de corpo além do seu próprio corpo. Isso é uma realidade comum vivenciada por grande parte dos professores, que contribuem dessa forma, para uma
pedagogia da carência, da falta, dos estereótipos. Já que temos uma educação que nega o corpo de uma vivencia criativa e de movimento.
Nós, professores devemos nos afastar dessa pedagogia
centrada na obediência, na reprodução de valores que torna os alunos submissos
e os condena a não-aceitação do próprio corpo. Temos que ter coragem para
enfrentar e trabalhar uma pedagogia de acolhimento, que aceite as diferenças
para construir um comportamento, uma visão de corpo que respeite a diversidade
cultural que existe em nossas escolas, em nossa sociedade como um todo.
TRINDADE, Azoilda Loretto da. Do corpo da carência ao corpo da potência:
desafios da docência. In: GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola.
Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
Segue entrevista >>
1.
Quem
é você? Quando e onde nasceu? Onde vive? Quem, em casa, foi responsável por sua
educação?
Me chamo Eliete, nasci no
dia 28 de novembro de 1980. Moro em Messejana com meus pais e duas irmãs. Minha
mãe sempre foi responsável por minha educação, sempre paciente e conscientizando
que a educação é uma das bases da vida.
2.
Qual
o seu nível de escolaridade?
Estou cursando Pedagogia, 6º
semestre.
3.
Qual
a sua concepção de corpo?
Nem gorda, nem magra.
4.
Qual
a sua cor/ raça?
Morena (parda)
5.
Como
você percebe e vê seu corpo?
Estou satisfeita, pois não
estou com um corpo muito gordo nem magro
6.
Que
recordações você tem de sua infância em relação ao seu corpo? Sofreu algum tipo
de discriminação? Qual? Como se sentiu?
Quando
eu era pequena, sempre fui gordinha, e nunca ninguém me discriminou por isso.
7.
No
ambiente escolar, já percebeu entyre alunos e professores algum ato de
discriminação em relação ao corpo? Como aconteceu?
Nunca
presenciei algo parecido.
8.
Na
sua prática pedagógica, como você percebe o corpo de seu aluno? E como você
trabalha a diversidade de corpos e culturas dentro da sala de aula?
Meus
alunos estão no mesmo patamar, eles tem os corpos um pouco parecidos, mas se
houvesse alguém mais gordo ou magro, procuraria mostrar que as diferenças
existem e que nem todo mundo é igual e que devemos saber respeitar cada um.
9.
Você
capta a bagagem social e cultural presente nos corpos dos seus alunos e planeja
sua prática baseada nisso?
Nunca
pensei nessa posição.
10. Qual o seu sentimento em relação a uma
pedagogia centrada na obediência e no medo? Como essa pratica afeta os corpos
discentes?
Acredito
que uma pedagogia assim não terá muito resultado, deve haver respeito por parte
do professor x aluno, aluno x professor ou coordenador x professor e professor
x coordenador. Se houver esse respeito o trabalho será mais satisfatório.
11. Como você acredita que seria uma
pedagogia capaz de tornar os alunos “senhores dos seus próprios corpos”?
Seria
bem legal pois estaríamos trabalhando as nossas limitações e aceitação consigo
mesmo e com o próximo.