terça-feira, 1 de novembro de 2011

Entrevista e análise do texto: "DANÇA, TERAPIA E EDUCAÇÃO: CAMINHOS CRUZADOS

Alunas : Jamille Kelly Ferreira Setúbal e Karena Gonçalves de Pinho Leitão
Análise do texto "Dança, terapia e educação: caminhos cruzados".
Autora: Clarice Nunes

           A análise que segue está baseada no texto "Dança, terapia e educação: caminhos cruzados", cuja autora é Clarice Nunes; como também na entrevista realizada com a professora Ana Carla Araújo de Lima; formada pela Universidade Federal do Ceará em Educação Física, com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação em Arte e Educação.
           Analisando a entrevista e o texto lido, podemos relacionar as respostas que foram dadas pela educadora física com o relato da autora do texto. As duas comentam que através da dança e do corpo conhecemos a nós mesmos, ou seja, passamos a ter a percepção do nosso corpo através de manifestações de expressões e sentimentos de cada um.
           A dança, quando observada pelo lado terapêutico, nos proporciona alegria, descontração, percepção do ambiente e do outro, os limites e as possibilidades que conseguiremos alcançar e, principalmente, a não timidez de se expor. Com ela, aprendemos técnicas que nos possibilitam melhor qualidade de movimento, pensamento, sentimento e expressão individual.
            O corpo inteligente não deve ser aquele regrado, fechado, cheio de medos e incapacitações; mas sim um corpo livre, sem limites, tentando sempre atingir um patamar mais alto que os vencidos anteriormente.
           A dança nos contribui, ainda, para o conhecimento de si, do espaço do outro, nos percebendo no meio e na sociedade em que estamos inseridos, nos permitindo ser tocados fazendo que completemos a nossa própria percepção de si.
            Em seu relato, Clarice discute a respeito de sua rotina contínua de trabalho lhe causando várias horas de imobilização de seu corpo. O objetivo da autora ao escrever esse texto é citar algumas descobertas feitas por ela em relação ao conjunto: dança, terapia e educação.
            É válido comentar sobre alguns preconceitos sofridos e causados. Ao realizar a leitura do texto e durante a entrevista, a entrevistada e a autora citam casos de pessoas que acreditam que deficientes físicos e adultos da terceira idade não estão aptos a dançar, o que não é verdade. Diz Clarice "Viver a superação do preconceito passa pela desconstrução da pedagogia que atravessa o nosso corpo e que não só nos inventou, mas forjou o modo pelo qual tratamos um ao outro. É preciso tempo, paciência e perseverança para aceitar o que a nossa musculatura conta sobre a nossa história de vida, nossas alegrias, tristezas, frustrações e fantasias" (Clarice, 2003). Ou seja, em outras palavras, nosso corpo resulta da nossa história de vida, da rotina diária que temos, e se essa rotina nos proporciona várias horas sem que haja movimento, conseqüentemente isso afetará a maneira como somos e como nos sentimos.
            Precisamos conhecer a nós mesmos e é esse o trabalho realizado pela dança. Esta provoca a reeducação dos nossos sentidos e, a partir dela, conseguimos nos conhecer melhor, nossos limites e possibilidades.
            Como educadores, não devemos levar em consideração apenas o trabalho intelectual, mas sim proporcionar aos alunos, em geral, atividades que envolvam um sentido de descoberta, em que cada pessoa deve respeitar a identidade do outro e, aos poucos, num processo interligado entre a dança, a terapia e a educação, cada um vai se descobrindo e fazendo a reeducação de si mesmo.


Segue entrevista com Ana Carla Araújo de Lima, educadora física, formada pela UFC, com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação em Arte e educação.
OBS: A entrevistada esclarece para nós que ela não respondeu a entrevista como professora de dança, mas sim usando a dança como instrumento em suas aulas de educação física e expressão corporal.

1ª - Jamille e Karena: Vivemos em um mundo agitado, em que as pessoas só vivem voltadas praticamente para o trabalho. Para você, como a dança pode emergir e reeducar a vida dessas pessoas?
Ana Carla: A dança para mim é algo que sai de dentro, ou seja, é a própria expressão do que estou sentindo naquele momento; é o momento onde paro e percebo como sou e como estou, por isso, acredito que a dança pode desacelerar essa agitação cotidiana e inverter o olhar, para que a pessoa olhe para si, se toque e permita ser tocada por outras pessoas, nem que seja por pouco tempo.
2ª – Jamille e Karena: Existem pessoas que acreditam que adultos da terceira idade e deficientes físicos estão impedidos de dançar. Qual a sua opinião em relação a esse preconceito e de que forma a dança poderia ajudar essas pessoas a ter uma vida melhor e mais saudável? 
Ana Carla: Ao contrário do que todos pensam, todas as pessoas podem e sabem dançar, pois a dança é a manifestação das expressões e sentimentos de cada um. Para mim a dança individual é parar, escutar a música e representá-la com o corpo; isso pode ser apenas com o movimento dos braços, das pernas, batidas com o pé ou um simples balançar de cabeça; pois é algo seu, individual. A prática da dança nos leva a uma vida mais saudável, pois a mesma é uma atividade física aeróbica que nos leva a uma melhor qualidade de vida.
3ª – Jamille e Karena: Necessitamos do trabalho para viver, entretanto, muitas vezes somos condicionados a viver fincados numa cadeira ou, em outras vezes, nos acomodamos com a vida sedentária que temos. O que a dança , essa dimensão terapêutica, pode nos proporcionar com o desenvolvimento de nossos movimentos?
Ana Carla: Olhando a dança com esse olhar terapêutico, ela nos proporciona alegria, descontração, percepção de si, do ambiente e do outro, limites e possibilidades e, principalmente, um momento único de se expor sem medo do ridículo, pois acredito que esse é o maior tabu do adulto, medo do que os outros vão falar e achar.
4ª - Jamille e Karena: Qual a relação entre o que pensamos, sentimos e expressamos com a aprendizagem através da dança?
Ana Carla: Tudo. Na dança aprendemos técnicas que nos possibilitam melhor qualidade de movimento, mais pensamento, sentimento e expressão individual. Para mim, os dois se completam.
5ª - Jamille e Karena: Como educadores, que atitude pedagógica devemos ter com nossas crianças, com a finalidade de envolvê-las na dança, terapia e educação; satisfazendo a construção do “eu” de cada uma delas?
Ana Carla: Permitir que as crianças se expressem de sua maneira, sem modelo estereotipado e cobrança de perfeição e movimentos únicos para todos, pois, afinal, cada criança traz uma história de vida, um repertório motor e uma forma de observar e encarar cada situação que não deve ser oprimida em coreografias ou momentos fechados e limitados. As nossas crianças são a própria expressão, precisa apenas o professor estar atento a isso, já que o melhor de tudo é ser feliz e se divertir.
6ª - Jamille e Karena: Qual a contribuição da dança para a auto aceitação de cada pessoa?
Ana Carla: Ela contribui para o conhecimento de si, do espaço do outro, se percebendo neste meio e se permitindo ser tocada, e, ao ser tocado, ela completa a sua própria percepção de si.
7ª - Jamille e Karena: Qual conselho você daria a uma pessoa que dedica maior parte do seu tempo ao trabalho e não se preocupa com a relevância dos movimentos      que devemos proporcionar ao nosso corpo?
Ana Carla: Que ela deveria experimentar alguma atividade que lhe fizesse bem, que pudesse por, alguns instantes, sair desse modelo pronto que ela repete todos os dias, seja ela qual atividade for, o importante é que seja algo que se identifique e que traga satisfação, prazer, alegria, lhe proporcionando uma vida melhor.
8ª - Jamille e Karena: O que você acha da afirmação de Klauss Viana: “Um corpo inteligente é um corpo que consegue se adaptar aos mais diversos estímulos e necessidades, ao mesmo tempo em que não se prende a nenhuma receita ou fórmula, preestabelecida, orientando-se pelas mais diferentes emoções e pela percepção consciente dessas sensações” (1990: 113-4). Você concorda com ele? Justifique.
Ana Carla: Sim, acredito que todas as minhas respostas anteriores já confirmam essa minha afirmação. É isso mesmo, para mim o corpo inteligente não é aquele fechado, regrado, cheio de medo, mecânico, mas sim um corpo livre, pronto para voar. E o destino? São suas emoções, sentimentos, vivências que irão dizer.

BIBLIOGRAFIA

Calazan, Castilho e Gomes. Dança e educação em movimento. São Paulo: Cortez, 2003.
 


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