Alunas : Jamille
Kelly Ferreira Setúbal e Karena Gonçalves de Pinho Leitão
Análise do texto
"Dança, terapia e educação: caminhos cruzados".
Autora:
Clarice Nunes
A análise que segue está baseada no
texto "Dança, terapia e educação: caminhos cruzados", cuja autora é
Clarice Nunes; como também na entrevista realizada com a professora Ana Carla
Araújo de Lima; formada pela Universidade Federal do Ceará em Educação Física,
com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação
em Arte e Educação.
Analisando a entrevista e o texto
lido, podemos relacionar as respostas que foram dadas pela educadora física com
o relato da autora do texto. As duas comentam que através da dança e do corpo
conhecemos a nós mesmos, ou seja, passamos a ter a percepção do nosso corpo
através de manifestações de expressões e sentimentos de cada um.
A dança, quando observada pelo lado
terapêutico, nos proporciona alegria, descontração, percepção do ambiente e do
outro, os limites e as possibilidades que conseguiremos alcançar e,
principalmente, a não timidez de se expor. Com ela, aprendemos técnicas que nos
possibilitam melhor qualidade de movimento, pensamento, sentimento e expressão
individual.
O corpo inteligente não deve ser
aquele regrado, fechado, cheio de medos e incapacitações; mas sim um corpo
livre, sem limites, tentando sempre atingir um patamar mais alto que os
vencidos anteriormente.
A dança nos contribui, ainda, para o
conhecimento de si, do espaço do outro, nos percebendo no meio e na sociedade
em que estamos inseridos, nos permitindo ser tocados fazendo que completemos a
nossa própria percepção de si.
Em seu relato, Clarice discute a
respeito de sua rotina contínua de trabalho lhe causando várias horas de
imobilização de seu corpo. O objetivo da autora ao escrever esse texto é citar
algumas descobertas feitas por ela em relação ao conjunto: dança, terapia e
educação.
É válido comentar sobre alguns
preconceitos sofridos e causados. Ao realizar a leitura do texto e durante a
entrevista, a entrevistada e a autora citam casos de pessoas que acreditam que
deficientes físicos e adultos da terceira idade não estão aptos a dançar, o que
não é verdade. Diz Clarice "Viver a superação do preconceito passa pela
desconstrução da pedagogia que atravessa o nosso corpo e que não só nos
inventou, mas forjou o modo pelo qual tratamos um ao outro. É preciso tempo,
paciência e perseverança para aceitar o que a nossa musculatura conta sobre a
nossa história de vida, nossas alegrias, tristezas, frustrações e
fantasias" (Clarice, 2003). Ou seja, em outras palavras, nosso corpo
resulta da nossa história de vida, da rotina diária que temos, e se essa rotina
nos proporciona várias horas sem que haja movimento, conseqüentemente isso
afetará a maneira como somos e como nos sentimos.
Precisamos conhecer a nós mesmos e é
esse o trabalho realizado pela dança. Esta provoca a reeducação dos nossos
sentidos e, a partir dela, conseguimos nos conhecer melhor, nossos limites e
possibilidades.
Como educadores, não devemos levar
em consideração apenas o trabalho intelectual, mas sim proporcionar aos alunos,
em geral, atividades que envolvam um sentido de descoberta, em que cada pessoa
deve respeitar a identidade do outro e, aos poucos, num processo interligado
entre a dança, a terapia e a educação, cada um vai se descobrindo e fazendo a
reeducação de si mesmo.
Segue entrevista com Ana Carla Araújo de Lima, educadora física, formada pela UFC, com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação em Arte e educação.
Segue entrevista com Ana Carla Araújo de Lima, educadora física, formada pela UFC, com especialização em Cultura Folclórica Aplicada pelo IFCE e com capacitação em Arte e educação.
OBS:
A
entrevistada esclarece para nós que ela não respondeu a entrevista como
professora de dança, mas sim usando a dança como instrumento em suas aulas de
educação física e expressão corporal.
1ª
- Jamille e Karena: Vivemos em um mundo agitado, em que as
pessoas só vivem voltadas praticamente para o trabalho. Para você, como a dança
pode emergir e reeducar a vida dessas pessoas?
Ana
Carla: A dança para mim é algo que sai de dentro, ou seja, é a
própria expressão do que estou sentindo naquele momento; é o momento onde paro
e percebo como sou e como estou, por isso, acredito que a dança pode
desacelerar essa agitação cotidiana e inverter o olhar, para que a pessoa olhe
para si, se toque e permita ser tocada por outras pessoas, nem que seja por
pouco tempo.
2ª
– Jamille e Karena: Existem pessoas que acreditam que adultos da
terceira idade e deficientes físicos estão impedidos de dançar. Qual a sua
opinião em relação a esse preconceito e de que forma a dança poderia ajudar
essas pessoas a ter uma vida melhor e mais saudável?
Ana
Carla: Ao contrário do que todos pensam, todas as pessoas podem
e sabem dançar, pois a dança é a manifestação das expressões e sentimentos de
cada um. Para mim a dança individual é parar, escutar a música e representá-la
com o corpo; isso pode ser apenas com o movimento dos braços, das pernas,
batidas com o pé ou um simples balançar de cabeça; pois é algo seu, individual.
A prática da dança nos leva a uma vida mais saudável, pois a mesma é uma
atividade física aeróbica que nos leva a uma melhor qualidade de vida.
3ª
– Jamille e Karena: Necessitamos do trabalho para viver,
entretanto, muitas vezes somos condicionados a viver fincados numa cadeira ou,
em outras vezes, nos acomodamos com a vida sedentária que temos. O que a dança
, essa dimensão terapêutica, pode nos proporcionar com o desenvolvimento de
nossos movimentos?
Ana
Carla: Olhando a dança com esse olhar terapêutico, ela nos
proporciona alegria, descontração, percepção de si, do ambiente e do outro,
limites e possibilidades e, principalmente, um momento único de se expor sem
medo do ridículo, pois acredito que esse é o maior tabu do adulto, medo do que
os outros vão falar e achar.
4ª
- Jamille e Karena: Qual a relação entre o que pensamos, sentimos
e expressamos com a aprendizagem através da dança?
Ana
Carla: Tudo. Na dança aprendemos técnicas que nos possibilitam
melhor qualidade de movimento, mais pensamento, sentimento e expressão
individual. Para mim, os dois se completam.
5ª
- Jamille e Karena: Como educadores, que atitude pedagógica
devemos ter com nossas crianças, com a finalidade de envolvê-las na dança,
terapia e educação; satisfazendo a construção do “eu” de cada uma delas?
Ana
Carla: Permitir que as crianças se expressem de sua maneira, sem
modelo estereotipado e cobrança de perfeição e movimentos únicos para todos,
pois, afinal, cada criança traz uma história de vida, um repertório motor e uma
forma de observar e encarar cada situação que não deve ser oprimida em
coreografias ou momentos fechados e limitados. As nossas crianças são a própria
expressão, precisa apenas o professor estar atento a isso, já que o melhor de
tudo é ser feliz e se divertir.
6ª
- Jamille e Karena: Qual a contribuição da dança para a auto
aceitação de cada pessoa?
Ana
Carla: Ela contribui para o conhecimento de si, do espaço do
outro, se percebendo neste meio e se permitindo ser tocada, e, ao ser tocado,
ela completa a sua própria percepção de si.
7ª
- Jamille e Karena: Qual conselho você daria a uma pessoa que
dedica maior parte do seu tempo ao trabalho e não se preocupa com a relevância
dos movimentos que devemos
proporcionar ao nosso corpo?
Ana
Carla: Que ela deveria experimentar alguma atividade que lhe
fizesse bem, que pudesse por, alguns instantes, sair desse modelo pronto que
ela repete todos os dias, seja ela qual atividade for, o importante é que seja
algo que se identifique e que traga satisfação, prazer, alegria, lhe
proporcionando uma vida melhor.
8ª
- Jamille e Karena: O que você acha da afirmação de Klauss Viana:
“Um corpo inteligente é um corpo que consegue se adaptar aos mais diversos
estímulos e necessidades, ao mesmo tempo em que não se prende a nenhuma receita
ou fórmula, preestabelecida, orientando-se pelas mais diferentes emoções e pela
percepção consciente dessas sensações” (1990: 113-4). Você concorda com ele?
Justifique.
Ana
Carla: Sim, acredito que todas as minhas respostas anteriores já
confirmam essa minha afirmação. É isso mesmo, para mim o corpo inteligente não
é aquele fechado, regrado, cheio de medo, mecânico, mas sim um corpo livre,
pronto para voar. E o destino? São suas emoções, sentimentos, vivências que
irão dizer.
BIBLIOGRAFIA
Calazan,
Castilho e Gomes. Dança e educação em movimento. São Paulo: Cortez, 2003.
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