terça-feira, 14 de junho de 2011

Pensando o corpo

ALUNA: CARLIANE NOBRE

Em nossa sociedade ultimamente, tem-se cultuado uma forma de corpo onde as características pessoais e naturalmente imperfeitas de cada ser humano não são mais permitidas ou aceitas. Vivemos em um meio onde os homens têm que ser musculosos “sarados” como normalmente se diz hoje em dia, dispostos a ficarem com o máximo de mulheres possíveis por noite, e as mulheres tem que ser magras, mas não apenas magras, tem que ter o corpo firme, sem jamais demonstrar flacidez e impecavelmente maquiada, cabelos lisos, loiros, sem jamais “descer do salto”, até mesmo de forma literal.

Fico a pensar o porquê de nos submetermos a um modelo tão cruel e injusto só para muitas vezes, estarmos na moda, ou entrarmos em círculos de “amizades” que em nada acrescentam em nossas vidas.

Assistindo alguns vídeos na aula e Corporeidade e Psicomotricidade, fiquei pensando como nosso corpo é perfeitamente sincronizado, até mesmo com as suas imperfeições e falta de simetria, onde é justamente isso que nos atrai no outro em minha opinião, como somos capazes de desenvolver movimentos tão complexos, tão elaborados, que por vezes me causou espanto, como no caso de um vídeo específico onde uma bailarina dançava num palco do teatro, movimentos que tiraram meu fôlego, que me maravilharam de uma forma surpreendente, fiquei pensando que diante de tantos movimentos lindos como podemos nos deixar levar por conceitos tão limitados a cerca de nosso corpo, por padrões que não levam em consideração o ser que somos, como uma pessoa sem poder de escolha, refém desses padrões que quando não alcançados levam várias pessoas até mesmo tirarem suas próprias vidas.

A meu ver quanto mais trabalhamos nosso corpo, mais ele é melhorado. Conhecer nossas potencialidades e limites é de fundamental importância nesse processo de aprimoramento corporal e emocional, pois os dois andam lado a lado.

Desde crianças é comum sermos “adestrados” a sempre ficarmos quietos, se não alguém vem brigar com a gente ou seremos retirados do local. Desde cedo somos colocados em moldes de forma a agradar o meio e que vivemos sem sequer nos ser dada uma razão para tal comportamento. Somos “podados” desde a infância aprendemos a não nos expressarmos na frente das pessoas ou que temos que guardar nossas emoções e expressões para nós mesmos, jamais mostrarmos quem somos em público.

Confesso que nas aulas de corporeidade, nos momentos em que fazemos as vivências, é muito complicado ficar a vontade na hora de fazer massagem no colega ou ter algum tipo de relação que normalmente não temos com determinadas pessoas que não fazem parte do nosso “grupinho” de amigos. Mas quando me proponho a participar, a fechar os olhos – que é a parte mais complicada pra mim – sinto sensações que a muito não sentia, olhar para dentro de mim e sentir meu coração, sentir o cansaço de meu corpo, perceber onde dói mais, onde dói menos, caminhar com os olhos fechados, são momentos de muita insegurança, onde eu não estou no controle (acho é o motivo do desconforto), e que trazem um mundo completamente novo para mim.
Ao final dessas vivências, sinto que passo a conhecer um pouco mais de mim, o constrangimento já não é tanto na aula seguinte.

Outros vídeos também que assistimos nos mostravam essas questão de se mostrar da forma que somos, e um exemplo bem claro disso foram os vídeos que mostravam as crianças e os povos africanos. A espontaneidade das crianças em soltar o seu corpo, sem temer o que dirão ou a forma com que olham para elas. Os africanos em demonstrar tudo aquilo que sentem através de seu corpo com movimentos que por vezes achamos não terem sentido, mas que para eles é uma forma cotidiana de expressão, de confraternização de agradecimento e até mesmo de tristeza.

Condicionamos nosso corpo a movimentos repetitivos sem jamais nos preocuparmos com o efeito que esses movimentos fazem ao nosso corpo a médio e longo prazo. Como usamos nosso corpo no nosso dia a dia? Será que realmente tomamos tempo em conhecer o que nosso corpo nos diz? Qual o ritmo do nosso corpo?

Essas questões nos levam a níveis constantemente esquecidos durante o dia, sendo nosso corpo instrumento de trabalho, de manifestações, de emoções onde externamos tudo aquilo que acontece conosco, ou mesmo sem externarmos por vontade própria nossa, ele se encarrega de avisar aos outros e a nós mesmos aquilo que está a nos acometer, se faz necessário que repensemos nossa conduta no que diz respeito a ele, ao seu ritmo.

A música tem um poder incrível sobre nós, uma batida, um som, faz com que sintamos o desejo de falar através de movimentos corporais, faz com descarreguemos toda a tensão antes acumulada, nos da leveza, faz com tudo fique mais fácil, abre nossa mente pra um horizonte onde pensamos jamais existir.

6 comentários:

  1. Muito bom o seu artigo, Carliane! Apresentou tudo o que discutimos em sala sobre o texto e sobre os vídeos. Realmente, estamos vivendo numa sociedade em que cada dia que passa, as pessoas estão ficando mais parecidas umas com as outras, pois seguem um padrão que é imposto por essa sociedade, um corpo da moda. E quanto aos vídeos, foi um momento em que paramos para refletir sobre como percebemos, usamos e até conhecemos nosso próprio corpo e seus limites.

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  2. Parabéns pela reflexão, principalmente quando questiona a verdadeira conciência de "corpo", se realmente a temos ou se a perdemos em mundo pautado em ações repetitivas . Seja como for , nunca é tarde para despertar a conciência corporal.

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  3. Neste artigo a Carliane com palavras simples e diretas pode expressar muito mais do que o texto abordou, levando para o cotidiano tais práticas que fazemos sem nos dar conta.
    Carliane você me ajudou a atender mesmo que indiretamente mais o texto. Obrigada!

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  4. A sociedade impõem um corpo perfeito. Não estão valorizando o corpo como ele é. Parabens pelo texto.

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  5. SEU ARTIGO ESTÁ ÓTIMO CARLIANE.

    REALMENTE NA SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS VIVENCIAR O NOSSO CORPO COM LIBERDADE NÃO É FÁCIL, POIS MUITAS VEZES SOMOS CONDICIONADOS A SEGUIR O QUE NOS É IMPOSTO SEM QUESTIONAR, SEM TOMAR UMA POSIÇÃO, TRANSFORMANDO-SE EM UM CORPO APÁTICO DIANTE DAS PRESSÕES DO COTIDIANO.

    IRINETE

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  6. Tudo está em volta do corpo perfeito. Isto acaba sendo realmente mais importante para as pessoas do que o cuidado interno no nosso próprio corpo. Pensamos sempre no nosso corpo externo.

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