terça-feira, 18 de outubro de 2011

Corpo real – Corpo ideal


Francisco Souza da Costa e   Onésima Patricia Mendes dos Santo

Segundo Marzano (2004), pensar o corpo no contexto social cultural contemporâneo, tem-se que diferenciar o corpo real do ideal, pois o corpo traz marcas e significados impostos e aceitos pela sociedade em que ele está contextualizado. Segundo Foucaut, o corpo não é nada mais do que uma ideia histórica, isto é, o simples produto de construção cultural da sociedade, o corpo humano é sempre e antes de tudo, uma entidade real, uma realidade material, o substrato carnal de cada pessoa.

O corpo real perde espaço para o corpo ideal, sendo o segundo um corpo idealizado e fruto de uma sociedade, que procura impor e cultuar um corpo desumanizado e desnaturalizado, e o dita como sinônimo de saúde, poder e liberdade, ocultando a realidade.

Hoje a sociedade procura a cultura do corpo ideal, sob os critérios estéticos e éticos, procurando controlar esse corpo com a finalidade de caracterizá-lo como regra geral, contrapondo-se ao corpo real, e esse corpo manipulado e recriado tenta parecer ser valorizado, mera aparência, pois ele “oculta a depreciação de sua materialidade e a neutralização de sua realidade” (Marzano,2004, pg. 26).
O corpo é natural e real, não podemos colocá-lo apenas como produto formado pela sociedade, mesmo com suas mudanças através dos tempos, ele não deixa de ser o instrumento do qual o ser humano vivencia com o outro e socializa-se com o meio social. 

O corpo é materializado, seguindo tendências, a dita moda. O indivíduo não nasce como a sociedade quer, então como no photoshop ele escolhe uma imagem ideal, se adéqua a ela, nem que isso custe muito dinheiro ou sua saúde. Chega a virar compulsão a ditadura da beleza, onde o individuo age de forma domesticada. Caso ele fuja das regras sua ação é tida como falta de controle.

O controle é um objetivo a ser cumprido, seguindo aspectos físicos, comportamentais e emocionais. Essas regras alcançam a homens, mulheres e crianças, seguindo uma ordem desordenada, onde a criança quer ser adulto, o adulto que ser jovem e ninguém quer ficar velho.

Esse domínio vai além da preocupação com a idade, parece que a ordem é não estar satisfeito com sua aparência. Se estiver gordo sou desmazelado, se sou magra demais sou anoréxica, se sou forte demais sou exagerado, se tenho muitas curvas estou gorda, ou seja, não há se quer de fato um padrão perfeito, porque todos os padrões impostos são desmistificados de alguma forma. O que na verdade a sociedade consumista quer é que busquemos sem cansar uma tal perfeição que não conhecemos, pois na verdade não existe perfeição.

O padrão impõe a manipulação do nosso corpo. O ser acaba assim domesticando o próprio corpo para a sociedade, como se sua personalidade inexistisse. A partir disso o ser faz uma avaliação dos indivíduos que não seguem o mesmo modelo identificando e avaliando de forma negativa, fazendo um julgamento moral sem reconhecer que o normal não é diferente, e que o diferente na verdade são aqueles que mudam suas fisionomias sem levar em conta aspectos relevantes a sua realidade.

Há uma subjugação de idealidade onde maior parte das pessoas modificam sua natureza (cor da pele, dos olhos, cabelos) de maneira uniforme, onde não há mais exclusividade, diferenciação, o que encontramos são seres que seguem esse padrão de perfeição, na qual, o seu não aceita e não resiste. Alguns não se importam nem com os limites do seu corpo, vai além de tudo isso, chegando a se tornar ridículos.

Essa não aceitação é impregnada na cabeça das crianças pelas mães de forma que a infância é deixada de lado, a brincadeira é direcionada para um contexto de adulto, onde a menina é mamãe e o menino é papai, médico, policial. As mães parecem que não gostam de curtir essa fase, é um sentimento de livramento.
Os corpos acabam que se tornando todos iguais. As pessoas se identificam com essa materialidade e fazem dela sua marca e personalidade. “(...) o corpo é como tal uma parte de cada pessoa, sendo ao mesmo tempo um objeto do mundo.” (Le Breton,199) Pág.44
Referência
MARZANO, Maria Michela. Pensar o corpo. Petrópolis, RJ: 2004. (p.23 – 44)

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