terça-feira, 18 de outubro de 2011

Do Corpo da Carência ao Corpo da Potência: Desafios da Docência Entrevista


Dupla: Isabelle Alexandre Carneiro e   Natali Mourão Coelho

Essa entrevista é uma das atividades exigidas na disciplina de Corporeidade e Psicomotricidade na Educação, do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (UECE), ministrada pela professora Carol Costa Bernardo. As perguntas que compõem a entrevista estão relacionadas ao estudo do texto “Do corpo da carência ao corpo da potência”, escrito por Azoilda Loretto da Trindade, professora, pedagoga e psicóloga. Doutoranda em Comunicação pela Escola de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ).

Nossa entrevistada é uma professora de Ensino Fundamental I, Eliete, estudante, cursando o 6º semestre de pedagogia na Universidade Vale do Acaraú, ela ensina uma turma de 2º ano pela manhã e outra de 5º ano à tarde numa escola particular de pequeno porte no bairro Messejana. Solteira, residindo em Fortaleza, a professora ainda mora com seus pais, Sua mãe foi responsável por sua educação, ensinando-a e conscientizando-a do valor que a educação tem para a vida.

Em seu texto, Azoilda procura compartilhar suas percepções e reflexões acerca do corpo, dos conceitos e das práticas que o envolvem em sala de aula. Ela nos faz atentar para as perspectivas que nós, educadores, temos e tudo o que queremos e conseguimos passar para nossos alunos sobre o assunto em nossa prática.

Através da narração de alguns fatos ocorridos em escolas, a autora nos faz refletir sobre preconceito, discriminação e racismo e nos mostra que devemos ajudar as crianças a construir conceitos de corpo, sem discriminações.

Como podemos observar na entrevista, a professora Eliete não apresenta um conceito de corpo livre de discriminações, quando perguntamos sobre concepção de corpo, ela respondeu apenas sobre seu estado físico, dando como resposta: “nem gorda, nem magra”. 

Pudemos inferir, que a professora não tem uma visão de corpo além do seu próprio corpo. Isso é uma realidade comum vivenciada por grande parte dos professores, que contribuem dessa forma, para uma pedagogia da carência, da falta, dos estereótipos. Já que temos uma educação que nega o corpo de uma vivencia criativa e de movimento.

Nós, professores devemos nos afastar dessa pedagogia centrada na obediência, na reprodução de valores que torna os alunos submissos e os condena a não-aceitação do próprio corpo. Temos que ter coragem para enfrentar e trabalhar uma pedagogia de acolhimento, que aceite as diferenças para construir um comportamento, uma visão de corpo que respeite a diversidade cultural que existe em nossas escolas, em nossa sociedade como um todo.

TRINDADE, Azoilda Loretto da. Do corpo da carência ao corpo da potência: desafios da docência. In: GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

Segue entrevista >>


1.    Quem é você? Quando e onde nasceu? Onde vive? Quem, em casa, foi responsável por sua educação?
Me chamo Eliete, nasci no dia 28 de novembro de 1980. Moro em Messejana com meus pais e duas irmãs. Minha mãe sempre foi responsável por minha educação, sempre paciente e conscientizando que a educação é uma das bases da vida.

2.    Qual o seu nível de escolaridade?
Estou cursando Pedagogia, 6º semestre.

3.    Qual a sua concepção de corpo?
Nem gorda, nem magra.

4.    Qual a sua cor/ raça?
Morena (parda)

5.    Como você percebe e vê seu corpo?
Estou satisfeita, pois não estou com um corpo muito gordo nem magro

6.    Que recordações você tem de sua infância em relação ao seu corpo? Sofreu algum tipo de discriminação? Qual? Como se sentiu?
Quando eu era pequena, sempre fui gordinha, e nunca ninguém me discriminou por isso.

7.    No ambiente escolar, já percebeu entyre alunos e professores algum ato de discriminação em relação ao corpo? Como aconteceu?
Nunca presenciei algo parecido.

8.    Na sua prática pedagógica, como você percebe o corpo de seu aluno? E como você trabalha a diversidade de corpos e culturas dentro da sala de aula?
Meus alunos estão no mesmo patamar, eles tem os corpos um pouco parecidos, mas se houvesse alguém mais gordo ou magro, procuraria mostrar que as diferenças existem e que nem todo mundo é igual e que devemos saber respeitar cada um.

9.    Você capta a bagagem social e cultural presente nos corpos dos seus alunos e planeja sua prática baseada nisso?
Nunca pensei nessa posição.

10. Qual o seu sentimento em relação a uma pedagogia centrada na obediência e no medo? Como essa pratica afeta os corpos discentes?
Acredito que uma pedagogia assim não terá muito resultado, deve haver respeito por parte do professor x aluno, aluno x professor ou coordenador x professor e professor x coordenador. Se houver esse respeito o trabalho será mais satisfatório.

11. Como você acredita que seria uma pedagogia capaz de tornar os alunos “senhores dos seus próprios corpos”?
Seria bem legal pois estaríamos trabalhando as nossas limitações e aceitação consigo mesmo e com o próximo.
           

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