terça-feira, 19 de julho de 2011

Análise comentada do texto: Pensar o corpo e do vídeo Handin Hand Ballet

Alunas: Luciana Firmino Costa e Silvia Letícia Carneiro Araújo

Historicamente a nossa imagem está estreitamente ligada aos moldes da sociedade, diferenciando apenas dos espaços e temporalidade de cada acontecimento. Pensar o corpo como um dado real e natural está cada vez mais inviável, uma vez que, as pessoas têm sua imagem associadas a corpos idealizados e manipulados pelos costumes sociais e em muitas vezes essa imagem confunde-se com a própria identidade do individuo.

Para Foucault apud Parisola (2004), “o corpo não é nada mais do que uma ideia histórica, isto é, o simples produto da construção cultural da sociedade, o corpo humano é sempre e antes de tudo uma entidade real, uma realidade material, o substrato carnal de cada pessoa”. A sociedade encara o corpo de acordo com a cultura de cada local, onde o movimento e o corpo em si são embelezados em uma cultura, já em outra são descriminados e reprimidos.

Os corpos são educados por toda a realidade que os circunda, por todas as coisas com as quais convivem, pelas relações que se estabelecem em espaços definidos e delimitados por atos de conhecimento. Uma educação que se mostra como face polissêmica e se processa de um modo singular: dá-se não só por palavras, mas por olhares, gestos, coisas, pelo lugar onde vivem. (SOARES, 2001, p.110).


A excessiva preocupação com a imagem é um fato constatado, onde o sujeito passa a julgar o outro (o diferente) como um ser inferior e não como uma pessoa que simplesmente não é igual a ela, mas sim diferente e esta característica do diferente não pode ser associada à desigualdade e sim, do que não é simplesmente igual, que se difere do outro, logo deveríamos chegar à conclusão que precisamos do diferente uma vez que, só podemos aprender com o diferente já que o igual não nos pode proporcionar algo novo. Existe hoje um verdadeiro projeto de construção e de manipulação do corpo que visa recriá-lo segundo as regras do mercado, recusando e culpalizando ao mesmo tempo os corpos que se afastam e se diferenciam dos modelos propostos. (Goffman apud Parisola, 1959; 1963).

Não se trata somente de entender o corpo como uma questão cultural ou uma prática social, o corpo é o que nos movimenta, é que nos torna homens e mulheres e que nos fazem viver e se encontrar no mundo. Porém homens e mulheres, salvos algumas exceções, aceitam os modelos de controle, de consumo e dos meios de comunicação e acreditando que “o homem deve construir seu corpo pelo exercício físico, a fim de torná-lo compacto e musculoso, enquanto que a mulher deve, sobretudo domesticá-lo pelos regimes de emagrecimento, a fim de torná-lo compacto e esbelto” (PARISOLI, 2004)

O vídeo abaixo, de uma apresentação de ballet, demonstra claramente o equívoco dos velhos¹ preconceitos de que é preciso um corpo idealizado para cada tipo de função como a dança, por exemplo, principalmente se esta dança for o balé que necessita de muita superação física de seus dançarinos e de que os corpos que se enquadram nesta dança têm que ser associados à perfeição extrema da sociedade e quem foge desses padrões recebe logo o estigma do fracasso e que não se enquadra logo não consegue realizar essa função.



O vídeo nos mostra justamente isso, que o nosso corpo é mais do que uma simples imagem codificada e manipulada, ele na verdade não pode ser limitado por esses estigmas. Nosso corpo tem por finalidade romper as barreiras das nossas limitações, superando a cada vivência os obstáculos condicionados em nosso cotidiano.

Quem poderia dizer em são consciência que um homem e este com apenas uma perna poderia dançar balé? Você acreditaria em um bom êxito do rapaz? Ou os preconceitos impostos pela nossa sociedade manipulariam sua opinião a respeito? Essas inquietas e questionamentos perpassam sempre em nossas vidas, nem que seja inconscientemente e cabe a cada um de nós compreendermos que todo ser tem capacidade de usar o seu corpo para determinada arte e como bem entender.

Portanto, podemos ter diversas possiblidades com o nosso corpo, não queremos nós referir aqui que não devemos cuidar do corpo, queremos refletir que existem opções para o seu cuidado e que não devemos utilizar do corpo para realizar testes e como uma indústria de consumo exacerbado. Cada um tem direito a ter o corpo que quer ter, optando por ser um corpo saudável e sem discriminações.

A beleza se constitui a partir de um aparato discursivo - e também de visibilidade - que reúne diferentes discursos: o da saúde, o da religião, o da moral, o do conhecer a si mesma, o da publicidade etc, que, tramados, assumem outras significações, constituem as especificidades que caracterizam o discurso sobre a beleza. Todos vão confluindo para constituição de um certo modo de ser bela (uma determinada representação), que vai desde a beleza como uma dádiva divina até a noção de beleza que enfatiza o trabalho da mulher sobre o seu corpo, no qual “só é feia quem quer”, conforme enfatizam as pedagogias culturais . (SANTOS, 1998)

Além disso, fica cada vez mais evidente o falso discurso mascarado de que existe uma sociedade contemporânea hegemônica sobre o corpo considerado belo e “sarado” com a exaltação do slogan da cultura da aparência. No entanto, o corpo humano não se limita a essa sistematização que nos foram impostas pela nossa educação. Com isso se faz necessária, criações de várias possibilidades que visem ampliar as suas diversidades de manifestações prazerosas que nosso corpo pode vivenciar.

¹ Serão realmente velhos ou ainda persistem em nossa sociedade capitalista.

Referências:
PARISOLI. Maria Michela Marzano. Pensar o corpo. Petrópolis. Editora Vozes: 2004.
SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo. Campinas: Autores Associados, 1998
Site: http://www.brasilescola.-influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.

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