sexta-feira, 22 de julho de 2011

Entrevista com Dayse Campos de Sousa

Alunas: Lissandra Silva Cutrim e Nirlene Barbosa de Mesquita.

A entrevista foi realizada no Instituto de Promoção da Nutrição e do Desenvolvimento Humano- IPREDE, na sexta-feira dia 10/06/2011, às 19h30m. Com Dayse Campos de Sousa, coordenadora do Curso de Especialização da Universidade Estadual do Ceará- UECE e Universidade Federal do Ceará- UFC que atua também desenvolvendo projetos em instituições como o IPREDE.

Formada em Graduação em Psicologia, Psicomotricista titulada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro- SBP\RJ com Pós-Graduação em Psicomotricidade e Mestra em Educação Especial pela UECE e Centro de Referência Latino Americano para Educação Especial- CELAEE, do Ministério de Educação de Cuba.

A Psicomotricista, Dayse mostrou a sua perspectiva em relação quanto à interligação do corpo e a mente. O que é de fundamental importância para a absorção do conhecimento por parte da criança. Relatando que é através da ação que a criança vai descobrindo as suas preferências e adquirindo a consciência do seu esquema corporal.

Para que isto aconteça é necessário que ela vivencie diversas situações durante o seu desenvolvimento, interagindo e articulando, principalmente, durante as atividades em grupo onde a criança encontra espaço para a sua própria expressão, permitindo transformações que resultam em uma maior flexibilidade na relação consigo mesmo, com os amigos, os familiares e com os diversos grupos com os quais ela se relaciona.

Segundo a entrevistada no período da sua Graduação ela não ficou satisfeita com a metodologia utilizada pelo professor e decidiu que se aprofundaria na área da Psicomotricidade. A partir disto seu intuito foi de aplicar uma nova metodologia para a transmissão de toda uma informação necessária para a formação dos futuros profissionais de maneira que eles possam saber a teoria e vivenciar a prática.

Percebemos que as atividades diversificadas como: atividades em campo, em dupla, oficinas, aulas teóricas e vivências são fundamentais para que os alunos do curso de Especialização se tornem capazes de estabelecerem uma interligação entre o corpo, o movimento e a educação. Segundo Dayse, a procura na área de Psicomotricidade tem sido maior na área de pedagogia, apesar ter profissionais da área de Educação Física e Psicologia.

Portanto, podemos perceber que no Brasil o campo da Psicomotricidade não possui tanta abrangência no mercado de trabalho, pois ainda não é reconhecida como profissão, já que só há uma Graduação em Psicomotricidade em todo o país, no Rio de Janeiro, enquanto que em outros países como: Argentina, Chile e países da Europa e entre outros já é uma profissão reconhecida. Por isso, a meta é que a Psicomotricidade seja reconhecida nos próximos anos, pois aprendemos que ela auxilia ao pedagogo a compreender o que ocorre com a criança através do processo de afetividade, pensamento, motricidade e linguagem, onde a dinâmica psicomotora auxilia no potencial de relação pela via do movimento, incentiva o brincar e, amplia a possibilidade de comunicação.

Entrevista na íntegra >>

1. O que é a Psicomotricidade?
Dayse Campos de Sousa- Na minha concepção pode ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências, recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade.

2. Como a Psicomotricidade é vista no mercado de trabalho?
Dayse- No Brasil há somente uma faculdade reconhecida pelo Ministério da Educação- MEC que é situada no Rio de Janeiro. Em relação, a profissão ainda não há reconhecimento no Brasil o que torna difícil para os profissionais exercerem a profissão.

3. Quais são suas áreas de atuação?
Dayse- Psicologia e Psicomotricidade.

4. O que o motivou a se dedicar a esse campo específico?
Dayse- Uma experiência que tive quando fazia graduação, onde um professor de uma determinada disciplina não me satisfez quanto à metodologia utilizada, pois suas aulas eram teóricas e a prática ficava esquecida. Então, me propus a estudar a área da Psicomotricidade para que através do meu conhecimento e experiência eu possa transmitir aos alunos aprendizagem teórica suficiente fazendo com que eles possam aplicar a prática confiando em si mesmo e tendo prazer no que fazem. Pois, me dedico nesses vinte nove anos a Psicomotricidade e tenho paixão pelo que faço.

5. Como tem sido a demanda, o interesse dos professores por essa área?
Dayse- A demanda não é suficiente, pois como ainda não é uma profissão reconhecida dificulta o ingresso dos profissionais na área. Contudo, a busca pela Psicomotricidade tem sido mais procurada pela parte pedagógica do que clínica.

6. O que é preciso para o professor ou o interessado se capacitar em Psicomotricidade?
Dayse- É necessário que o professor faça a Especialização em Psicomotricidade, conheça a estruturação, tenha um bom entendimento na parte teórica e principalmente vivencie a prática, pois é através dessa vivência que ele vai reconhecer o conjunto mental e corporal da criança. Pois, a prática é totalmente diferente da teoria e, sobretudo é preciso acreditar na formação e na vivência.

7. O que muda na aprendizagem quando se trabalha com a Psicomotricidade?
Dayse- A criança adquire melhor compreensão de mundo com o ato de brincar, desenvolve-se intelectualmente pela construção dos seus pré-conceitos sobre os objetos, o espaço, o tempo e as causas e efeitos que regem os acontecimentos.

8. Como a Psicomotricidade pode auxiliar a criança no seu comportamento, aprendizagem e socialização?
Dayse- O desenvolvimento da criança depende da qualidade de sua relação com o grupo, com o meio onde vive e de uma verdadeira formação social. As crianças aprendem a viver com os outros, a aceitá-los, a respeitá-los, a trocar, a comunicar, a dar e receber. A criança estará num espaço plenamente disponível para uma estruturação intelectual e as suas capacitações serão mais sólidas e rápidas.

9. O que o Psicomotricista busca ao estabelecer esse tipo de contato com a criança?
Dayse- O papel do Psicomotricista é ajudar a criança no seu processo de autoconhecimento, visando estabelecer novas interações com o outro a partir da relação psicomotora livre, criativa e dirigida. Assim, ela se torna mais criativa em face de suas possibilidades de ação e descoberta pessoal, se manifestando mais alegre e humana.

10. E como tem sido a sua vivência como docente?
Dayse- Coordeno os alunos no Curso de Especialização, apresento trabalhos em outros países, participo de palestras em outros estados, inclusive viajarei ao Chile a um Congresso de Psicomotricidade em novembro para apresentação de um trabalho e farei palestra, pois lá a Psicomotricidade já é uma profissão.

11. Como você vê o trabalho de pesquisa na área da Psicomotricidade? Você está realizando alguma investigação?
Dayse- Há poucos trabalhos, pois algumas monografias que temos normalmente não são valorizadas, o que dificulta muito o trabalho na área. No momento não estou realizando nenhuma pesquisa, contudo acho importantíssimo que os alunos pesquisem porque dessa maneira adquiriram mais conhecimento e terão menos dificuldade em apresentar trabalhos e escreverão mais facilmente.

12. Em sala de aula, como a Psicomotricidade pode auxiliar ao pedagogo?
Dayse- Perceber que a partir do início da escolaridade, as crianças ainda estão estruturando o seu desenvolvimento físico, mental e social. O papel do pedagogo vai ser o de analisar o histórico da criança, para que assim possa compreender que fatores influenciam na convivência com a escola e adaptar- se com o meio social, podendo assim facilitar no trabalho com as dificuldades do aluno.

13. Na sua opinião, o período em que é dado a disciplicina de Psicomotricidade na Graduação é suficiente para que os futuros educadores desenvolvam atividades adequadas?
Dayse- Não, pois o tempo é mínimo para que se possa ver a parte teórica e principalmente ter as vivências que são de extrema importância para conhecer a Psicomotricidade. Teria que ter no mínimo uns três semestres para que se pudesse trabalhar na Graduação a Psicomotricidade.

14. No decorrer do Curso de Especialização em Psicomotricidade que tipo de atividades são desenvolvidas pelos alunos?
Dayse- As atividades de campo em dupla para que um auxilie o outro, estágios supervisionados, oficinas com texto (parte teórica) e logo depois a prática seja no IPREDE ou em escolas, aulas teóricas com vídeos vivenciadas por profissionais de outros países, vivências...

15. Levando em consideração essa realidade, qual é o desafio dos profissionais que atuam nesta área?
Dayse- O maior desafio é a legalização da profissão e mais cursos em nosso país, pois só temos um curso de Graduação no Rio de Janeiro e apenas um curso de especialização pela UECE e pela UFC. No entanto, nos países como: Argentina, Chile e parte da Europa esses profissionais já tem o reconhecimento o que facilita a sua atuação na área.

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